sábado, 12 de novembro de 2011

QUEM NÃO SE LEMBRA DO PADRE ARAKÉM!

FOMOS AGRACIADOS NESTE MÊS POR UM TEXTO DE PADRE VALDERY DA ROCHA SOBRE PADRE ARAKÉN.
ELE O PRODUZIU PARA O JORNAL A VOZ DE MORRINHOS, MAS NOS PERMITIU PUBLICÁ-LO AQUI
COMO TODA MEMÓRIA, ESTA É PRECIOSA E ÚNICA.
NOSSOS AGRADECIMENTOS AO PADRE VALDERY.



Morrinhos deve muito a um padre já falecido, há 42 anos. Convidado a escrever algo para a Voz de Morrinhos, lembrei-me de prestar a ele minha homenagem, para que não fique no esquecimento ou sem o conhecimento das gerações mais jovens. Ele foi um daqueles testemunhos de sacerdote de que o mundo carece, como falou Bento XVI, na abertura do Ano Sacerdotal que vivemos dois anos atrás. Falo do padre Francisco Arakém da Frota, que chamávamos padre Arakém.


FUI BATIZADO POR ELE

Fui batizado poe ele, ainda quando era vigário de Santana. Conheci-o nas suas andanças por Morrinhos, quando já não era mais Vigário, mas apenas colaborava no pastoreio. Na época, Morrinhos pertencia à paróquia de Marco, fundada no final do ano de 1941. Guardo lembrança do seu jeito simples e humilde de viver. Menino, eu prestava atenção às conversas dele com as pessoas em volta. sempre que se referia ao Valdecy Vasconcelos, aquele do IAPC, de quem era padrinho, dizia que ele era " a quarta pessoa da Santíssima Trindade". Ele o tinha como filho espiritual, a quem queria muito bem. Em Santana, padre Arakém era assíduo à casa dos pais dele, Oscar vasconcelos e Rita.
Ouvi-o várias vezes contando histórias do Seminário e, humilde, dizer que era tão "rude" que seu professores deixavam-no ir em frente nos estudos, só olhando o exemplo do Cura d'Ars que, também quando seminarista na França, era intelectualmente incapaz de assumir o sacerdócio. Admirável. Ele, padre Arakém, nas pegadas de São João batista Vianney, Cura d'Ars, hoje patronop dos sacerdotes e dos Párocos...!
Tudo o que se disser aqui sobre padre Arakém pode ser até novidade para os leitores. Pesquisando a melhor coletânea de biografias que temos sobre os padres do Ceará, desde 1700 a 2004, incorpradas na coleção "Ungidos do Senhor na Evangelização do Ceará" (Editora Premius, 2004), de Aureliano Diamantino da Silveira (Padre), sobre ele encontrei apenas seis linhas, tão resumidas que até omitem a data de seu falecimento, ocorrido em Santana a 5 de Setembro de 1969, com 75 anos. Estão assim escritas: " Nasceu em S.Ana, a 27 de Junho de 1894. Foi solenemente batizado na igreja matriz de S. Ana a 17 de Julho de do mesmo ano. Recebeu a ordenação sacerdotal das mãos de D. José Tupinambá da Frota, Bispo Dioceasano, no dia 4 de Janeiro de 1920. Vigário de S.Ana, (posse 22 de agosto), de 1920 a 1941. Pais: Manoel Lúcio Carneiro da Frota e D. Úrsula anália da Frota. construiu as capelas de Bom Jesus e Sítio". Só isso.

QUEM ACHOU O SACO DO CASSACO?

o poeta e escritor José Alcídes Pinto, já falecido e que era de Estreito, já escreveu sobre ele, de forma fictícia, em um de seus romances, personificado com o nome de Padre Tibúrcio. Mas suas histórias, seus "causos" reais, deixo que so conte João Lourival Rocha, no livro de suas memórias, a ser publicado em 2014, por ocasião do centenário de nascimento de meu pai. Ali há um capítulo intitulado: " Quem não se lembra do padre Arakém!", do qual transcrevo aqui uma pequena parte:

"Morrinhos era capela de Santana, sendo, portanto, pastoreada pelo Padre Arakém, vigário da Paróquia. Meu avô Joaquim Coriolano era o procurador da capela e o padre se hospedava em sua casa.
Padre Arakém era filho de pais abastados e viveu tão pobremente que, no final de seus dias, sustentou-o a caridosa e fraterna iniciativa do Pároco de Santana que lhe mandava a alimentação. Sempre de batina preta, sofria da coluna. As viagens de um lugar para outro, também nos chamados para confissões dos enfemros, fosse aonde fosse, eram feitas a cavalo.
Tímido e alegre, mas "brabo" no jeito de reclamar. Sua brabeza era só "se fazendo", no dizer popular. Mostrava-se mais assim com as mulheres, e dizia, brincando, que só falava com elas, por que a mãe dele era mulher. Quando ele estava irritado e alguém lhe pedia para se confessar, ele dizia "não vou....não vou". repetia isso, mas indo, tortinho e andando apressadinho, para o confessionário. Era baixinho. Todos os que conhecemos, o tínhamos como homem piedoso, admirado e santo.
Ele gostava de Morrinhos. Aqui havia pouco trabalho para o Vigário, a não ser em tempos de festas da Matriz e nas capelas que eram poucas, mas distantes. Não havia o que chamamos hoje de "comunidades". O trabalho era a Missa, algumas confissões, ou chamado para alguma Extrema - Unção, hoje Unção dos Enfermos. Os padres não faziam tantas reuniões como hoje. a Missa era sempre celebrada pela manhã, e logo cedinho, pois não era permitido missa na parte da tarde ou da noite. só até mais ou menos nove horas da manhã, pois o padre e os fiéis que iam comungar tinham que ficar em jejum, e sem tomar qulaquer líquido, nem água, até a hora da comunhão. Todos obedeciam.
Se por descuido comessem ou bebessem alguma coisa, não podiam comungar. Muita gente, por exemplo, "quebrou" a corrente das nove sextas - feiras por ter tomado água.
O único passatempo e diversão do Padre Arakém era jogar baralho, ou gamão, junto com os filhos do Doca silveira e o genro do meu tio Joaquim Criolano, Francisco Plínio. Era também parceiro dele o tio Francisco Coriolano. Quando o padre ganhava dava muitas risadas; risadas tão compridas que aprecia até estar ele engasgado. Quando perdia no jogo, a gente notava que ele ficava trsitezinho... Os filhos do Doca e o Chico Plínio "se combinaram", de modo a que o padre perdesse poucas vezes. O Jogo era "apostado". Só que o dinheiro envolvido era só uma "mixaria". Quem perdesse, perdia uma rapadura e quem ganhasse. ganhava outra, por exemplo. Era somente para divertir e ajudar ao vigário.
Ele era tão acostumado ao gamão que, quando vinha de Santana a Morrinhos, chageando no final da tardinha, sesus companheiros de jogo já estavam a postos na calçada. Ao descer do cavavlo, nem chegava a entrar na casa, sentando-se nas cadeiras já postas na calçada para a diversão, aliás, bem apreciada por muitas pessoas de Morrinhos.
Quando havia gente "peruando" o jogo, o padre Arakém dizia: - "Olhe, jogar a dinheiro é pecado. Eu jogo porque sou pecador, mas eu me confesso e aconselho que ninguém jogue, pois é pecado!"
Na época, os padres só faziam pregação aos domingos. Padre Arakém só raramente. Sua voz era fraquinha e um pouco fanhosa. Não tinham as igrejas microfone ou som para a amplificação da voz.
Era no tempo da seca. O governo mandou fazer a estrada de piçarra Morrinhos - Acaraú para dar serviço e emprego ao povo. Havia muitos trabalhadores vindo de todos os lugares. Eram chamados de " cassacos do Governo", pois fugiam das agruras da seca. Meu irmão Otacílio, com graça, conta que, certo dia, padre Arakém já tendo descido do latar para a oração de despedida do final da missa, de repente, subiu novamente os batentes e voltou-se para o povo pedindo: "Atenção!" A fala causou admiração. " O que será que ele vai pregar?!". Pensaram as pessoas. Em silêncio, todos puderam ouvir o que ele pusadamente falou: " Uma cassaco perdeu um saco. Quem achou o saco do cassaco, entregue o saco ao cassaco. Quem não tem saco, o que é que quer com o saco do cassaco....?" Só isso! E foi para a Sacristia.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

COMENTÁRIOS AO CAPÍTULO II DE O MUNICÍPIO DE SANT'ANNA

Este segundo capítulo que transcrevemos é, na verdade, uma segunda parte da introdução á história do município de Santana do Acaraú proposta pelo autor.
Nela, mais uma vez, percebe-se a intenção de ligar a história do município a do Estado do Ceará.
De maneira resumida o autor relata o desligamento do Ceará da Capitania do Maranhão, sua elevação à categoria de Capitania subalterna a de pernambuco,a criação da Vila da Fortaleza, a disputa pela sede da Câmara, travada entre o partido do Aquiraz e o de Fortaleza; A Rebelião indígena de 1713, a elevação da Capitania do Ceará à condição de Capitania independente de Pernambuco, a outorga do título de cidade à Vila de Frotaleza em 1823 e a de Província à Capitania do Ceará, na época do Brasil Império.
Neste bojo,a Rebelião indígena de 1713 é "citada" como um obstáculo ao desenvolvimento da Capitania e os indíos Areriús como bárbaros que espalharam nas plagas do Acaraú grande terror que levou "os habitantes" do vale do Acaraú a buscarem refúgio com os civilizados índios da Serra da Ibiapaba: os Tabajaras, tutorados pelo Padre Ascenso Gago.
Os limites do antigo Curato do Acaraú são descritos para que o leitor compreenda o cenário onde ocorreram os fatos descritos pelo autor. Tal curato deve sua criação às informações fornecidas à coroa pelo custódio da Missão Franciscana Maranhense: Frei Cristóvão de Lisboa que passou pelo dito trritório no ano de 1626, ocasião que já foi bem explorada por nós em postagens anteriores, cujos links aqui colocamos para o melhor acesso do leitor:

MEMORIAL DA PARÓQUIA DE SENHORA SANT'ANNA: A PROPÓSITO DA CARTA DE FREI CRISTÓVÃO TRANSCRITA NO LIVRO O MUNICÍPIO DE SANT’ANNA.

MEMORIAL DA PARÓQUIA DE SENHORA SANT'ANNA: FREI CRISTÓVÃO DE LISBOA - CAPÍTULO III: A VIAGEM MISSIONÁRIA DE 1626

MEMORIAL DA PARÓQUIA DE SENHORA SANT'ANNA: FREI CRISTÓVÃO DE LISBOA - CAPÍTULO II

CAPÍTULO II DO LIVRO O MUNICÍPIO DE SANT'ANNA

CONFORME PROMETEMOS POSTAGENS ATRÁS, CONTINUAMOS A TRANSCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS DO LIVRO O MUNICÍPIO DE SANT'ANNA, FAZENDO, APÓS A PUBLICAÇÃO DOS MESMOS, COMENTÁRIOS QUE TÊM POR BASE A MODERNA HISTORIOGRAFIA.
NESTAS TRANSCRIÇÕES MANTEMOS O PORTUGUÊS DA ÉPOCA.

CORRIA O ANNO DE 1655

O Brasil livra-se do poder Hollandez; e o Ceará, desannexado do Estado do Maranhão, voltou a fazer parte, como d'antes, da Capitania de Pernambuco.
Restituido pois, ao seu primitivo estado de colonisação o Ceará já bastante rico de gados, foi elevado à cathegoria de capitania subalterna à de Pernambuco, a 16 de Setembro de 1668.
As condições de seu engrandecimento já se faziam nota; e então por carta regia de 13 de Fevereiro de 1699 se ordenou a creação de uma Villa junto a Fortaleza, que , n'esse tempo, era o centro capital da florescente colonia.
Grande foi o contentamento que produzio a publicação daquella ordem; os seus efeitos não se fizeram esperar!No anno seguinte, a 25 de Janeiro de 1700, se procedeo à eleição da sua primeira Camara, sendo escolhido para sede o sitio Aquiraz, d'onde a 24 de Março do mesmo anno, foi transferida para a povoação de Fortaleza.
Começou então o governo civil.Com a Camara foram eleitos dis juizes ordinarios, que logo assumirão o exercício das respectivas funções.
O acontecimento auspicioso da inauguração da Villa foi logo perturbado com a transferência da sua Séde! E, d'ahi, nascendo a intriga, serias discordias depois atropellarão os interesses reaes da nova capitania!
Existião a esse respeito dois partidos, e o do Aquiraz, sempre pertinaz no seu intento, conseguio por fim, passados 13 annos, a volta da Séde da Villa para seu seio, a 27 de Junho de 1713.
A discordia no poder publico foi sempre fatal aos interesses do povo! Nesse mesmo anno enqunato lutavam os homens do governo pela quaetão da Séde, abandonados gemião so moradores do Acarahú sob a pressão dos índios Areriús, que se havião levantado!
Nada de soccorro!...A fuga tornou-se indispensavel; e foi nella que encontrarão os meios de salvação, sendo aliás bem recebidos na Ibiapaba pelos Tabajaras, que, ainda fieis, se deixavam dirigir pelo Padre Ascenso Gago.
Continuava a pendencia; e outros interesses palpitantes da Capitania ficarão de lado! Nesse mesmo anno - 1713 - e, segundo a chronica do Conseheiro Araripe, até 1716, apenas existia na Capitania uma só Freguesia!
Permanecião, pois, as cousas neste estado, quando para obsta-las o governo ultramarino, por solicitação do governador geral do Pernambuco - Manoel Rolim de Moura - por provisão de 11 de Março de 1725 elevou à Villa a Povoação de Fortaleza. A 13 de Abril do anno seguinte (1726) teve logar a sua installação; e ficou servindo de séde do governo civil da capitania; terminando-se assim, aquella questão, que tão maos effeitos produzio!
Por esse tempo quando apenas havia a Freguesia do Aquirás, e, talvez, a da Fortaleza, desmambrada daquella, já existia um antigo curato no Acarahú. O seu território comprehendia todo o litoral desde o mundahú até a Parayba; d'ahi estendia-se a tá a Ibiapaba, abrangendo em forma de circulo a Serra dos Côcos e as Ribeiras do Aracaty - assú o Mundahú. para esse ponto devem convergir as atenções do leitor:
E se curato foi devido a intervenção de Frei Christovão de Lisboa, quando em 1626, exercia o cargo de custódio do Maranhão; e a sua história alludida: por mais dois minutos a sua benevolência.
Unida esta à capitania de Pernambuco desde 1655, ficou o Ceará dependente della pelo Alvará de 17 de Janeiro de 1779.
O seu 1º governador foi o chefe de esquadra Bernardo Manoel de Vasconcelos, sendo Rolim o último em 1822.
Crescida, e já bastante populosa, a sua Villa foi elevada a cathegoria de cidade em 1823. Erão já decorridos 322 annos da descoberta do Brasil quando uma nova aurora bafejando-o em hora propícia, veio estabelecer uma nova ordem de cousas, mudar a face da governança!
Constituindo-se o Brasil independente, creada a Constituição politica do Imperio, e jurada a 25 de Março de 1824, passou a Capitania à Província; e o seu primeiro presidente foi o Tenente Coronel Pedro José da Costa Barros.
AO LEITOR

A exposição feita, benevolo leitor, que começou em 1611, e como se vê ainda deste número, terminou em 1824, de certo vos terá fatigado a paciência, tomando-vos, por fim,vacilante a cerca da applicação que ela possa ter em relação ao onjeto de sua proposição...
De facto; quem conhece o municipio, e sabe que ele apenas conta com 20 annos de existência, a datar da creação de sua Villa, em 1826, a primeira vista não poderá compreender como elle, tão recente, se possa prender a factos tão remotos, que quasi se perdem na noite dos tempos!
Pois bem; para obviar estas e outras duvidas, de certo já levantadas, é que o folhetinista, dedicando-vos esta página apressa-se, antes de entrar em seu intuito, em declarar que mais antiga, do que se suppõe, é a história do seu Município...Os aconecimentos que lhe dizem respeito, datão de 1626, 15 annos depois da fundação da Colonia Cearense no sitio Aquirás, em 1611: e nestas condições, tratando da sua história, paezar do título a ella dado, entendeo que não devia simplesmente limitar-se aos factos ocorridos da creação do Município a esta parte.
A história de uma localidade, como a de um Paiz, deve descer à sua origem, e d'ahi subir por detalhes até as condições, em que actualmente se achar.
Pensando assim, não duvidou o que ora vos dirige estas linhas, fazer aquella ligeira exposição, que aliás vos offerece como uma introdução da história a que se propõe.
Justifiquem, pois, etas palavras o que até aqui se tem publicado, e permita o complcente leitor que o folhetinista, calouro nesta matéria, e, alem disto, destitutido de conhecimentos literários, tenha algu8ma liberdade em seu estylo, perdoando - se - lhe o seu dezaro em atenção do que se dedica.
_________________
Acarahu, rio das garças, na lingua indigena.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

ATA DA REUNIÃO PARA ARTICULAÇÃO DA REDE CEARENSE DE MUSEUS COMUNITÁRIOS

NO DIÁRIO DE BORDO QUE PUBLICAMOS POR ÚLTIMO, RELATAMOS NOSSA EXPERIÊNCIA NA REUNIÃO PARA A ARTICULAÇÃO DA REDE CEARENSE DE MUSEUS.
RECEBEMOS HOJE A ATA DA REFERIDA REUNIÃO, ENVIADA POR JOÃO PAULO GOMES, POR E-MAIL E AQUI A PUBLICAMOS



Movimentos sociais, representantes de museus e comunidades atenderam à convocatória lançada no dia 11 de outubro, e se reuniram no dia 21 de outubro de 2011, no auditório do Museu do Ceará, em Fortaleza, para discutirem a criação da Rede Cearense de Museus Comunitários. Foram mais de quarenta pessoas, representando cerca de trinta entidades e comunidades, entre indígenas, assentados, pescadores, profissionais e ambientalistas. Discutimos as diversificadas e ricas experiências na criação, gestão e dos desafios do exercício museológico sócio-comunitário. O encontro iniciou-se pouco depois de 14hs, com a seguinte pauta: 1. Apresentação dos presentes, com relato de experiências com a museologia social; 2. Apresentação da proposta de criação da Rede Cearense de Museus Comunitários; 3. Debate sobre a proposta; 4. Apresentação e discussão sobre os editais do Ibram, com ênfase no Prêmio Pontos de Memória; 5. Encaminhamentos.
Iniciaram as atividades com as apresentações dos presentes, seguida da apresentação proposta de criação da Rede Cearense de Museus Comunitários, pelos integrantes do Projeto Historiando (Alexandre Gomes e João Paulo Vieira). O debate ocorreu posteriormente, com ampla participação dos presentes: indivíduos de várias regiões do estado do Ceará (Cariri, Litoral Leste e Oeste, Acaraú, serra de Baturité, metropolitana, sertão-central e dos Inhamuns), pertencentes a grupos sociais e étnicos distintos. Dentre as várias questões debatidas, ressaltamos a discussão sobre os desafios e importância de articulação e comunicação entre os integrantes da Rede, em torno do qual se relacionaram vários outros assuntos. É importante salientar que grande parte das comunidades e indivíduos envolvidos nesta reunião, já possuem ampla experiência de mobilização comunitária, dentro dos quais a criação de museus e de processos de musealização surgiram, de algum modo, articulados com a organização local.

Entre os demais assuntos discutidos, destacamos: políticas públicas, editais, comissão de organização, comissões regionais, com caráter descentralizado e auto-organizado; a necessidade de criar canais de comunicação, tanto impressos quanto digitais; a necessidade de escolher um representante da Rede para participar da II Jornada de Formação em Museologia Comunitária (30/10 e 03 / 11, em Santa Maria – RS), para a qual a plenária propôs o nome de João Paulo (Projeto Historiando); necessidade de troca de experiências, para que o grupo construa um sentimento de pertencimento coletivo, para que se conheçam mais; necessidade de discutir as categorias de museus participantes (museus indígenas, ecomuseus, museus comunitários, processos de musealização e museus de território); os acervos arqueológicos sob a guarda destes museus; realizar um encontro da Rede em alguma comunidade; criar visibilidade para estes museus e audiências públicas para discutir o setor museal nas esferas políticas; viabilizar ações museológicas nas comunidades, para qualificar grupos e ações, entre outros. Após isso, finalizamos com a apresentação e discussão dos editais do Ibram, principalmente o Prêmio Pontos de Memória 2011, pouco depois de 18hs.
Assim, foi consensual a criação de uma articulação à nível estadual das iniciativas presentes nesta reunião. O objetivo da Rede Cearense de Museus Comunitários será o de compartilhar experiências, fomentar a cooperação, divulgação e o fortalecimento conjunto de seus integrantes, atuando de forma descentralizada e garantindo a autonomia de seus participantes, a partir da articulação de ações, projetos e programas interinstitucionais. Essa organização possibilitará uma maior visibilidade para nossas demandas e potencializará nosso poder de pressão, proposição e reivindicação junto aos poderes públicos, para a formulação de políticas públicas que reconheçam e assegurem a função social dos museus comunitários. Com o objetivo de concretizar está finalidade, foi formada uma comissão de articulação, com os seguintes membros:
• Região metropolitana: Tiago Schead (Associação dos Moradores do Titanzinho), João Paulo Vieira (Projeto Historiando e Museu do Ceará); Jade (Ecomuseu de Maranguape), Rusty Sá (Ecomuseu Natural do Mangue da Sabiaguaba), Ilza Granjeiro (Museu de Miniaturas);
• Vale do Acaraú: Leandro (Santana do Acaraú);
• Litoral Oeste: Valneide (Comunidade Caetanos de Cima);
• Litoral Leste: Representante da Prainha do Canto Verde (a escolher).
Encaminhamentos:
1. A construção de um site pelo projeto Titanzinho Digital (a comissão de articulação irá pensar a estrutura do site);
2. Criação de uma lista de e-mails para melhorar a comunicação entre os participantes da Rede;
3. Envio de uma carta/oficio a SECULT, solicitando passagens para um representante da Rede na II Jornada de Formação em Museologia Comunitária em Santa Maria/RS;
4. Participação na organização do IV Fórum Estadual de Museus do Ceará, como Rede Cearense de Museus Comunitários;
5. Buscar enviar o máximo de projetos para o edital Pontos de Memória;
6. Próximo encontro: dia 9 de dezembro de 2011, às 14hs no Museu do Ceará;
Ata redigida no dia 27 e outubro de 2001, por Alexandre Oliveira Gomes.

Lista de pessoas, comunidades e entidades participantes:

NOME COMUNIDADE / INSTITUIÇÃO

1. João Paulo Vieira
Projeto Historiando – Museu do Ceará

2. Alexandre Gomes
Projeto Historiando – DAM-UFPE

3. Francisca Marciane W. De Menezes
Tapeba – Memorial Cacique Pena de Pau

4. Rosa da Silva Sousa
Pitaguary – Coypym

5. Margaret Malfliet
Oca da Memória Tabajara – Kalabaça

6. Valneide Ferreira de Sousa
Caetanos de cima e Rede TUCUM

7. Rayane Cristina de Sousa
Caetanos de Cima

8. Jade Nocrato de Oliveira
Ecomuseu de Maranguape

9. Paulo Emílio R. Rocha
Projeto Enxame – Mucuripe

10. Raimunda Gomes Marinho Sampaio
Indígena de Poranga – Oca da Memória

11. Lígia Holanda
ONG Caldeirão

12. Agnelo Queirós
ONG Caldeirão

13. Nádia Almeida
Ecomuseu de Maranguape

14. Leinad Carbogim
Fundação Brasil Cidadão

15. Ilza Granjeiro
Instituto Intervalo / Comunidade Moura Brasil

16. Samara e Silva Amaral Ribeiro
Guarda Municipal – Pronasci – Ponto de memória

17. Francisca Sena
Adelco

18. Francisco José Ribeiro de Abreu
Instituto Histórico da Polícia Militar – Ecomunam

19. Rusty de Castro Sá Barreto
Ecomunam – Eco-Museu Natural do Mangue

20. Francisco Oliveira
MIS – SECULT

21. Alberto Cukier
Representando os Tremembé

22. Everthon Damasceno
Representando os Tremembé

23. Francisco Leandro Costa
Memorial da Paróquia de Santana do Acaraú

24. Maria Socorro dos Santos
Museu de Senhora Sant'Ana

25. Micheli da Silva Abrosio
Museu Potygatapuya

26. Jose Guilherme de Sousa
Colonia Z8 de Pescadores – Mucuripe, Fortal.

27. Eliane Alves Sabino
Museu indígena Jenipapo – Kanidé

28. Heraldo Alves
Museu indígena Jenipapo - Kanindé

29. Cicero Pereira
Kanidé de Aratura – Museu dos Kanindé

30. Thiago Schead de Sousa
Associação de moradores do Titanzinho

31. Luis de Sousa
Associação de moradores do Titanzinho

32. Ricardo M. Arruda
Projeto Resgate – Ponta Grossa

33. Francisco Oliveira Rocha
Ponto de Memória do Grande Bom Jardim

34. Francisco Márcio
Prainha do Canto Verde

35. Ana Ariel Vidal de Lima
Prainha do Canto Verde

36. Kaio Ribeiro
Prainha do Canto Verde

37. Josué Pereira Crispim
Ponta Grossa

38. Lireida Maria Albuquerque
Barbalha / URCA

39. Antônio Igor Dantas Cardoso
Centro Pró-Memória de Barbalha

40. Maria Aparecida da Rocha
Tapeba ( Memorial Cacique Perna-de-Pau )

sábado, 22 de outubro de 2011

DIÁRIO DE BORDO - REUNIÃO PARA A ARTICULAÇÃO DA REDE CEARENSE DE MUSEUS COMUNITÁRIOS - FORTALEZA

Fortaleza, 21 de Outubro de 2011

Parti de sobral as 07 horas e 45 minutos. Nosso caminho foi a desafiadora BR 222, com trechos cheios de "remendos" no asfalto, alguns outros com trechos ainda sem asfalto e outros com buracos que são verdadeiras armadilhas provocadoras de acidentes.
Nossa sorte: o motorista estava estagiando e em trechos nos quais podia "pesar o pé" não o fez por conta do olho do instrutor.
Cheguei as 13 horas e 30 minutos, razão pela qual não procurei pousada antes da reunião, indo direto ao Museu do Ceará.
Fomos recebidos por Alexandre Gomes e João Paulo Vieira,a quem havíamos conhecido na ocasião de uma visita a Almofala, na Escola de Educação difrenciada indígena Maria Venância. Os dois não se recordavam de mim, razão pela qual me apresentei e ao projeto que representava: Memorial da Paróquia de Nossa Senhora Sant'Ana.
Compareceram à reunião cerca de 40 representantes de experiências meuseais comunitárias do ceará, na sua grande maioria os das nações indígenas do Ceará que já desenvolvem ações museais do tipo.
O primeiro momento foi para a apresentação de cada uma das experiências e atores, o segundo de comunicação de alguns informes, o terceiro para a apresentação da proposta da Rede Cearense de Museus e o último momento para a apresentação dos últimos editais do IBRAM.
Após breve e feliz explanação de João Paulo Vieira a cerca da história dos Museus comunitários no mundo, no Brasil e no Ceará; Alexandre Gomes fez uma releitura da Carta convocatória dando-lhe um caráter de manifesto para, em seguida serem feitas as inscrições para o debate da plenária.
O resultado final do debate foram os seguintes encaminhamentos:
1) A CRIAÇÃO DE UM SITE QUE FACILITE A COMUNICAÇÃO E INTERLIGAÇÃO DA REDE
2) A CRIAÇÃO DE UMA COMISSÃO DE ORGANIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO COMPOSTA POR REPRESENTANTES DAS REGIÕES DO ESTADO ALI PRESENTES, SENDO O VALE DO ACARAÚ REPRESENTADO POR FRANCISCO LEANDRO COSTA.
3) UMA CARTA - MANIFESTO SOLICITANDO AO SECRETÁRIO DE CULTURA DO ESTADO O ENVIO, COM TODAS AS DESPESAS PAGAS, DO SENHOR JOÃO PAULO VIEIRA A JORNADA DE FORMAÇÃO EM MUSEOLOGIA COMUNITÁRIA EM SANTA MARIA, RIO GRANDE DO SUL.

A próxima reunião foi agendada para o dia 9 de dezembro, ocasião onde se poderá organizar melhor o site da Rede, criar uma logomarca para a mesma, ouvir os repasses da Jornada de formação em Museologia Comunitária e consolidar a rede ainda mais.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

COMENTÁRIO SOBRE O PRIMEIRO CAPÍTULO DE O MUNICÍPIO DE SANTANA

No primeiro capítulo de o Município de Santana, o leitor deve observar conosco alguns detalhes pequenos e importantes para a compreensão da obra de José Mendes Pereira de Vasconcelos e seus companheiros: a frase do cabeçalho e outra frase do texto que nos indica que corrente historiográfica os mesmos utlizaram.
As frases do cabeçalho assim introduzem o leitor da época ao texto: "Ligeiros traços históricos e topográficos do município de Sant'Anna. Publicado no 'Município de sant'Anna' jornal que circulou por muito tempo naquella cidade."
Àqueles que hão de ler o livro atualmente precisamos explicar que, antes de ser publicado em livro por Dom José Tupinambá em 1926, O Município de Sant'Anna foi publicado em folhetins de 1882 a 1889 em jornal de mesmo nome que circulou na cidade.
O fato de ter sido publicado em folhetins se deve a formação intelectual de seu redator chefe, José Mendes Pereira, toda ela burilada em Recife, na faculdade de direito, em época de grande ascensão cultural e intelectual da mesma, onde não raras eram as associações literárias organizadas por alunos cearenses, cuja presença era marcante.
Mesmo depois que voltou de Recife, Dr. José Mendes recebeu forte influência, na época de deputado provincial, dos circulos sociais dos quais fazia parte em Fortaleza. Em um deles estava Dr. Carlos Studart Filho, grande historiador cearense.
A outra frase do primeiro capítulo é esta:"(...)o seu fim é DESCREVER com verdade os acontecimentos mais notáveis no Município, acompanhando-os de uma descrição topographica mais ou menos fiel."
Esta frase nos mostra que o autor segue uma corrente historiográfica em voga à época: a positivista. Não há em todo o texto a preocupação em problematizar ou discutir questões, mas em DESCREVER fatos da forma mais "imparcial" possível além do território da cidade, suas ruas e principais edificações.
O positivismo esteve presente em toda a formação de José Mendes em Recife como relatamos em outro artigo deste blog.
Neste primeiro capítulo os autores relatam a história da fundação da Capitania do Ceará com o fim de ligar fatos da história desta fundação à história de Santana do Acaraú.
Tratando das invasões holandesas, os autores de o município de Sant'Anna, apontam a guerra com a Holanda como a razão da migração, para o vale do Acaraú, dos primeiros indivíduos brancos que por aqui habitaram, num espaço de tempo de 1630 a 1654,oriundos da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
A ocupação do território que corresponderia ao da atual Santana do Acaraú parece, no entanto, ter ocorrido anos depois do período de tempo surgerido pelos autores supracitados.
Os dados que analisamos nos levam a crer que a ocupação deste, que posteriormente seria chamado de Santana do acaraú, se deu por conta da expansão da pecuária que, destruindo as sociedades indígenas, tomou a terra destas e se deu em duas fases: a primeira ou do absenteísmo, ocorrida entre mais ou menos entre 1680 e 1720; e a segunda fase ocorrida a partir de mais ou menos 1720.
A fase inicial carcterizou-se pelas primeiras lutas entre os colonos e os índios, os quais lutavam contra a expropriação de suas terras; e pelo fato de os fazendeiros não residirem diretamente nos sertões, ficando na Zona da Mata Açucareira de Pernambuco e Bahia, obtendo sesmarias e enviando seus vaqueiros para cuidar das mesmas e do gado que para estas enviavam.
Já a segunda fase teve como principais características: a instalação dos donos de fazenda com suas famílias no sertão (graças ao extermínio dos índios), á decadência da Zona da Mata Açucareira e à elevção de alguns vaqueiros à condição de proprietários, muito embora o absenteísmo não tenha sido totalmente abandonado por alguns fazendeiros.
Até agora, com os dados que dispomos, podemos dizer que a maioria dos indivíduos que ocuparam o território que mais tarde os mesmos, ou seus filhos, denominariam de Santana do Acaraú, foram pernambucanos que trouxeram seus gados pela rota do "Sertão de fora" cujo caminho iniciava pelo litoral, seguia pelo Rio Grande do Norte em direção ao Maranhão de onde os vaqueiros alcançavam o interior do Ceará.
A primeira sesmaria concedida no vale do Acaraú foi dada ao pernambucano Manoel de Góes e seus companheiros em 20 de setembro de 1683. Como era comum na época os sesmeiros oficializarem o pedido muitos anos após terem ocupado as terras, não se pode dizer com precisão se Manoel de Goés; o único a ocupar (ou a mandar ocupar) de fato as terras que lhe foram concedidas, chegou aqui nestas plagas precisamente nesta data.
Antônio Bezerra, em seu livro Notas de Viagem assim descreve como Manoel de Góes mediu as terras que conquistara:

"Conta-se que tendo plantado o primeiro marco no lugar Picada, a três léguas do mar, montara um excelente cavalo, e subindo rio acima, com uma ampulheta na mão, onde deu uma hora, sentou o segundo, que denominou de Marco do Serrote".
"Por êsse sitema mediu ainda nove léguas das vinte e uma que lhe pertenciam, colocando no fim de cada hora de viagem novos marcos,os quais são conhecidos sob os nomes de Marquinho, Marco, antônio, Miguel, Poço Branco, Espinhos, Estreito, Tucanos e Pau - Ferrado, com uma légua de largura para cada lado do rio".

Um fato que confirma isso é a expedição do também pernambucano Leonardo de Sá em 1697 que, segundo o Padre Sadoc Araújo,foi a primeira tentativa de colonização da Ribeira do Acaraú por meio da ocupação de terras inexploradas da sesmaria dos Góes. O dito capitão tinha a intenção de reconhecer o território que desejava pedir como sesmaria, além de "domar e civilizar" os aborígenes.
A sesmaria só foi concedida a Leonardo de Sá em 1702. Muitas das terras desta sesmaria passaram a seus herdeiros que durante toda a sua vida tiveram que lidar com litígios. Destas as que mais nos interessam são aquelas que foram herdadas por seu filho Sebastião de Sá: as que vendeu, juntamente com o filho Antonio de Sá, ao Padre e amigo pernambucano Antonio dos Santos da Silveira; e aquelas que lhe foram seqüestradas pelo governo como a fazenda Sapó, sobre a qual falaremos mais adiante.
Outro pernambucano de muita importância para a história santanense é o Capitão Antônio Coelho de Albuquerque,homem influente em toda a Ribeira do Acaraú,era natural do Cabo de Santo Agostinho, filho do português Pedro coelho Pinto ( Natural da Freguesia de São Martinho da Vila de Monte - mor - o - Velho) e da Pernambucana, da cidade de Goiana, Romualda Cavalcante de Albuquerque.
Foi o primitivo dono da fazenda Baía, hoje distrito de Santana do Acaraú. Não podemos precisar se chegou nesta região antes do século XVIII.Seu primeiro casamento ocorreu em 1745 e o segundo em 1769.Deixou numerosa prole, sendo por isso tronco de inúmeras famílias desta região. Dentre os seus filhos destaca-se José Mariano de Albuquerque Cavalcante que foi o 5º presidente da província do Ceará em 1831.
Filho do pernambucano Gonçalo Ferreira da Ponte (tronco das famílias Ferreira da Ponte e Monte, falecido na ribeira do Acaraú aos 83 anos ), o Capitão Francisco Ferreira da Ponte, natural de Boa Vista, casou-se com Madalena de Sá no dia 20 de Setembro de 1738. Ela é uma das sete filhas do Pernambucano Manoel Vaz Carrasco. O Casal morou na Fazenda Curral Grande, hoje localidade pertencente ao Município de Santana.
Cláudio de Sá Amaral, filho de Antonio Henrique de Araújo e Joana de Abreu Quaresma, naturais do Rio Grande do Norte, casou-se com Maria da Cunha no dia 2 de Fevereiro de 1741.
Comprando terras do Padre Antônio dos Santos da Silveira em 1751, nelas residiu. Estas correspondem ao atual território da cidade de Santana.
Nascido na Paraíba em 1692, Cosme Frazão de Figueroa veio residir na fazenda Sapó. Ele é pai de Teresa de Jesus Vasconcelos que, das terceiras núpcias com João Carneiro da Costa, deu origem aos numerosos membros da família Carneiro desta região.
Pelo exposto, vê-se que a ocupção do território que corresponderia ao do municípo de Santana do Acaraú, deu - se em função das entradas do gado pelos sertões em fins do século XVII e meados do século XVIII. Esta é a razão pela qual pede sesmaria Manoel de Góes e seus companheiros, conforme pode observar aquele que se detiver a ler o documento de petição.
José Mendes, ao fazer referência aos indivíduos brancos oriundos da Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco como primeiros povoadores do vale do Acaraú, silencia sobre a existência de indígenas na região, neste capítulo, vindo a referi-los, em capítulo que em breve transcreveremos,como bárbaros e selvagens.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

DIÁRIO DE BORDO - BELA CRUZ: VISITA A VICENTE FREITAS E AO MUSEU EMÍLIO FONTELES

DENTRE SEUS OBJETIVOS, O MEMORIAL DA PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA SANTANA, TEM O DE SER UM ESPAÇO QUE PROMOVA A MÚTUA COOPERAÇÃO ENTRE OS DIVERSOS ATORES SOCIAIS DO MÉDIO E BAIXO VALE DO ACARAÚ QUE LUTAM PELA CAUSA DA PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA, CULTURA E HISTÓRIA DE SUAS CIDADES.
PARA TANTO, TEMOS BUSCADO ESTREITAR LAÇOS COM ESTES COMPANHEIROS E COMPANHEIRAS DE LUTA.


Bela Cruz, 12 de Outubro de 2011

Parti de Santana do Acaraú às 6 horas da manhã, temendo não chegar à Bela Cruz no horário que havia acordado com o atencioso senhor João da Secretaria de Cultura de Bela Cruz para visitar o Museu Emílio Fonteles.
Não tendo outro contato do professor Vicente Freitas além daquele da rede social facebook, busquei saber do Professor Plauto Araújo pontos de referência que me levassem á casa de Vicente Freitas. Além do intuito de conhecer o Museu, viajei com a intenção de conhecer Vicente Freitas.
Cheguei à Bela Cruz, terra amada do fundador de nosso Memorial às 7 horas e 30 minutos, tempo menor do que aquele que eu calculei, hora não muito própria para visitas.
"Puxando pela memória", localizei o Museu Emílio Fonteles que, estava situado no mesmo local que eu lembrava quando fui à Bela Cruz para deixar meu parco currículo de enfermeiro na secretaria de Saúde.

Dispondo de uma hora e meia antes daquela maracada para a visita ao Museu, com os pontos "cardeais" que me foram dados, emprrendi a busca pela casa do professor Vicente Freitas.
Como temia, chegamos ainda em ocasião na qual a família tomava os primeiros cuidados matinais para a lida de mais um dia. Porém fomos muito bem recebidos e minha figura, antes virtual tornou-se real, bem como a do professor vicente Freitas a mim também.
Em minha fala inicial pedi desculpas por ter chegado tão cedo e reforcei meu intuito de estreitar os laços da luta pela preservação dos patrimônios locais na região.
Vicente Freitas, em sua fala, partilhou-nos sua trajetória e os rendosos frutos desta como a publicação de seu livro Bela Cruz, Biografia do Município (cujo link de acesso virtual os nobres leitores poderão acessar no final deste texto) e o seu riquíssimo e raro acervo bibliográfico, de livros que nunca sonhávamos conhecer, como o da poetisa Dinorah Ramos onde reuniu as poesias de seu tio Antônio Tomás.
Terminado este primeiro momento de visita fomos ao Museu Emílio Fonteles. Lá fomos recebidos pela senhora Aurinélia que, gentilmente, nos abriu o Museu apesar de ser dia Santo.
A casa onde está situado ainda mantém muito de seus traços originais e o acervo, constituído em grande parte por utensílios do cotidiano das famílias, do comércio,dos serviços públicos, com uma sala que homenageia Monsenhor Odécio; é pequeno para o espaço da casa.
PRIMEIRA SALA DO MUSEU EMÍLIO FONTELES

O Museu existe desde 1999, passou por duas sedes anteriores, por um período onde ficou fechado, estando hoje aberto nos três turnos à visitação pública aos cuidados professores da rede municipal ali lotados para esse fim.


UTENSÍLOS DA SEGUNDA SALA. DENTRE ELES ESTÃO: MOLDES PARA A FABRICAÇÃO DE DENTES DE OURO E UMA MÁQUINA DE DEBULHAR MILHO.

Muitos dos desafios do Museu Emílio Fonteles estão presentes também no Memorial da Paróquia de Nossa Senhora Santana como períodos alternados de grande número de visitas e períodos de quase nenhuma visita e a necessidade da capacitação de pessoas para a catalogação das peças museais.

PARAMENTOS DE MONSENHOR ODÉCIO EM SALA DO MUSEU DEDICADA À SUA MEMÓRIA

Findamos nossa visita conhecendo um acervo particular de objetos museais de um vizinho de Vicente Freitas. Contudo, a ausência momentânea do dono não possibilitou conhecer melhor o mesmo.
Nos despedimos do professor Vicente Freitas agradecendo-lhe a generosidade com que nos recebeu e voltamos a Santana ainda mais cientes daquilo que suspeitávamos: o vale do Acaraú tem ainda muita história pra contar e precisa ser enxergado por aqueles que regem o destino dos bens culturais no País.
A Vicente Freitas e à equipe do Museu Emílio Fonteles nosso muitíssimo Obrigado. Esperamos que esse encontro seja o primeiro de muitos.
ACESSE A OBRA DE VICENTE FREITAS COLANDO ESTE LINK NA BARRA DE NAVEGAÇÃO LINK:http://www.agbook.com.br/authors/34319