sábado, 3 de setembro de 2011

ATÉ QUANDO?

Dia 2 de setembro de 2011: assalto na casa lotérica de Santana do Acaraú. Quem, na pacata história de nossa cidade (pelo menos até alguns anos atrás), imaginaria tal coisa?
Não quero fazer sensacionalismo, minha proposta neste arremedo de crônica é sugerir uma reflexão mais profunda! Não será tal acontecimento sinal de decadência de uma terra que tem uma alma grande e uma vocação nobre?
Acredito que a raiz de todos os nossos males como povo está no fato de estarmos “perdendo a nossa alma”. Parece duro o termo, mas é isso mesmo: sobre nós grassa o mal de uma baixa auto - estima coletiva que tem nos levado a uma desorientação massificada.
Sei que os males de que vou tratar não são exclusividades de Santana, contudo isto não pode nos impedir de fazer uma reflexão sã e frutuosa que nos conduza a compunção de coração, nos retire da inércia e nos mostre que somos capazes de transformar nossa porção de mundo.
Comecemos pelo cenário político. O de Santana é a franca demonstração da lei de Talião: olho por olho, dente por dente. Sei que o Império babilônico foi o pioneiro na criação de um sistema legal. Contudo, sua queda se deveu, dentre outros tantos fatores, à aplicação da lei acima referida. “Reino dividido é reino destruído, insustentável”!
Santana deu fruto a grandes vultos. Sua “alma” é muito grande e nobre. O que diria hoje o Senador João Cordeiro da Costa, grande líder do movimento abolicionista, que entregou sua vida à causa da libertação dos escravos, que empreendeu grandes embates políticos cheios de sentido, se visse as rixas e disputas vazias a que se entregam os líderes de sua terra nos dias de hoje?
Não somos tolos ao ponto de querer que inexista nos espíritos humanos o choque de opiniões e de ideias. Tampouco somos ingênuos ao ponto de querer que não devam existir admoestações públicas aos que erram. Uma vivência pacífica pressupõe a mútua correção fraterna e humildade onde cada um admita seus erros e em gestos concretos os busque reparar.
Muito menos ignoramos que cultivar um espírito que nos conduza a separar o que é público do que é pessoal, é algo desafiador! Somos seres em construção!
Porém, não vemos em Santana sinais de construção e muito menos sinais de que estamos dando passos na direção do Shalom: a paz completa que o mundo não dá.
Sim, a paz existe, o perdão existe, recomeçar é possível e o amor (o ágape) existe!
Os frutos desta vazia disputa, cuja motivação é a vingança pessoal a um opositor e não o bem público, são visíveis: no ano de 2009 tivemos uma taxa de reprovação de alunos no ensino fundamental de 11,7%, (2,2% a mais que o estado), a maior concentração de oferta de empregos(1393 empregos formais) ainda está com a administração pública ( que tem sempre folhas de pagamento ultrapassando seus limites) conforme se observa de dados de 2008, uma cobertura de esgotos de 17,03% segundo dados de 2009, dentre outros tantos dados oficiais que poderíamos citar.
Outros dados de senso comum são notórios: aumento do número de casos de uso de drogas ilícitas e do tráfico, a falta de opções de lazer que construam o caráter dos nossos jovens, o aumento velado do número de casos de prostituição infantil, aumento do número de casos de acidentes automobilísticos com vítimas fatais em nossas estradas, dentre outros.
Assistimos a uma grande luta pelo poder. Contudo quando se quer o poder pelo poder, este não se traduz em serviço, tornando-se uma serpente venenosa cuja peçonha distorce o caráter de quem o detém.
Até quando prosseguiremos com este modo de viver onde as pessoas se definem por números de siglas partidárias, tornando-se inimigas umas das outras, seguindo a postura aguerrida dos seus devotados líderes, entregando-se a discórdia que chega ao ponto de interferir no bom andamento dos serviços públicos?
Precisamos de outro padre Ibiapina que nos pregue a paz, que exorte os inimigos a se reconciliarem e ao povo a trabalhar num grande mutirão.
Deixo para uma reflexão final esta letra de uma música de Juan Luís Guerra para que a reflexão prossiga no coração daqueles que entenderem esta mensagem de fato:

( SE ALÉM DE LER VOCÊ QUISER OUVIR A MÚSICA CLIQUE NA BARRA DE SOM ABAIXO)

Ai! Ai! cariño,
La cosa que yo estoy viendo como la explico.
Ai!!Ai! cariño,
Apaga y vámonos que es lo mismo.
Ai! Ai! cariño,
¿Qué hacemos con la sordera y con el cinismo?
Ai! Ai! cariño.
Apaga y vamonos que es lo mismo.
¡Lo mismo otra vez!
El mismo bolero, el mismo cassette.
La carne mechada y el mismo puré.
La misma esperanza, el mismo talón.
De Aquiles recuerdos, bailemos un son.
Ai! Ai! cariño,
¿Qué hacemos con la conciencia del entendido?
Ai! Ai! cariño,
Apaga y vámonos que es lo mismo.
Ai! Ai! cariño,
¿Cuántas palomas volando hacen un nido?
Ai! Ai! cariño,
Apaga y vámonos que es lo mismo.
¡Lo mismo otra vez!
La misma ignoracia, el mismo ballet.
Ya ví el cascanueces, con su pas de deux.
El mismo escenario, la misma función.
Nos sobra la clave, bailemos un son.
Apaga y vámonos, ¡Ai hombre!
Que los maderos son del monte.
Apaga y vámonos, ¡Ayy hombre!
Con tanta necedad dan ganas de llorar, ¡si hombre!
Ayy!!Ayy! cariño,
¿Qué hacemos con los que ofrecen Villa y Castillo?
Ayy!!Ayy! cariño,
Apaga y vámonos que es lo mismo.
¡Lo mismo otra vez!
La misma promesa, el mismo cd.
La misma mentira y el mismo café.
El mismo discurso y el mismo cliché.
La historia recicla, nos queda la fe.
Apaga y vámonos
Que yo no sé,
Los hombres buenos donde se ven.
Apaga y vámonos
Digamé usted,
Los hombres dignos donde se ven.
Apaga y vámonos
Que yo no se,
Los hombres nobles donde se ven.
Apaga y vámonos
Digame usted,

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