segunda-feira, 30 de maio de 2011

UMA BREVE HISTÓRIA DA PRAÇA PADRE ANTÔNIO TOMÁS

Uma praça é um espaço público simbólico em uma cidade.
Em nossa cultura ocidental, com muitas heranças da cultura Grega, uma praça é um ponto convergente de uma cidade, um centro tanto geográfico (no sentido literal, pois pode representar uma abertura na malha urbana, um espaço central aberto.) e um centro social.

Na antiga Grécia uma praça era o local onde os cidadãos faziam o exercício do debate das questões políticas, onde estavam localizados os principais prédios dos poderes públicos e religiosos, e os locais destinados a apresentações culturais.
Já na idade média e com o advento do capitalismo a praça passou a ser o local do comércio,o lugar onde os arautos proclamavam os decretos reais e onde aconteciam a execução das sentenças de morte como os enforcamentos.
Na Idade Moderna e nos dias de hoje, sobretudo nos grandes centros urbanos, a praça perdeu uma função preciosa que sempre teve desde a antiga Grécia: a de instrumento para que os indivíduos se encontrem, se identifiquem, convivam e se reconheçam como uma comunidade ímpar.
Em Santana do Acaraú, duas praças se destacam como centros urbanos: a Praça Padre Antônio Tomaz e a Praça Dr Feijão (que por lei se chama praça do Congresso, em homenagem a festa de 100 anos da Próquia ocorrida em 1948). A primeira, testemunha de vivências e costumes do século Dezenove a princípios do Século Vinte. a Segunda, atual centro de lazer e das manifestações culturais e políticas da cidade.
Contudo nos deteremos na história da primeira, que antes fora, no dizer dos redatores do Jornal o Município de Santana, o Coração da Cidade.
Bem antes de ser chamada de Praça Padre Antônio Tomaz, esta era denomindade Praça Tenente Coronel Manoel Joaquim. A alteração do nome pode ter ocorrido depois de 1930, pois numa planta da cidade, com data de 15 de Novembro de 1930,a mesma é denominada Largo Coronel Manoel Joaquim. O Jornal da época (1884), o Município de Santana, assim a descrevia:
" De forma triangular, arborisada, combustores para a iluminação, esta praça é o coração da cidade. visitemo-la."
"Do centro podemos bem observá-la: frondosos tamarinos e lindas carnaubeiras arborisam-na; três ruas a encerrão. Ao sul alarga-se bastante em relação a sua extremidade norte, e abre-se em quatro vias de comunicação com o resto da cidade (...).
LARGO CORONEL MANOEL JOAQUIM. NESTE ESPAÇO, POSTERIORMENTE, CRIOU-SE UMA ESTRUTURA PAVIMENTADA, COM O BUSTO DO PADRE ANTÔNIO TOMÁS, BANCOS E ILUMINAÇÃO ELÉTRICA QUE FOI DENOMINADA PRAÇA PADRE ANTÔNIO TOMÁS.

A foto acima nos mostra o espaço em que foi construída a praça padre Antônio Tomás. Não se sabe se nele houve algum espaço pavimentado ao qual os cidadãos chamavam de Praça Coronel Manoel Joaquim. Isto nos leva a questionar se a noção que temos de praça hoje era a mesma que se tinha àquela época.
Talvez este detalhe fique ofuscado diante da expressão que afirma que a mesma era o "coração da cidade", pois, mesmo que a praça não fosse pavimentada, era naquele espaço que se concentravam os encontros depois da missa, as discussões sobre política, o comércio,casas de autoridades e uma vista para a lagoa da caridade.
Um bom exemplo é o Comércio do Coronel Vicente Sabino Maria da Costa, situado na ponta do triângulo da praça.
Audifax Rios, em dos volumes de sua coleção de memórias denominada Gentes da Licânia, afirma que na ponta da praça que a comunica com a ponte do São João, localizavam -se uma loja de tecidos (inicialmente do Senhor Zequinha Valeriano, depois do senhor José Osmar Carneiro e por último do Senhor José Maria Cavalcante)e uma casa que foi sede do Telégrafo (pertencente hoje ao Senhor Galvino vasconcelos).
Ainda conforme o mesmo, no mesmo lado da loja de tecidos e do telégrafo, ficava a casa do Prefeito Pedro Arcanjo e a pensão de um tal D.Rair; e na rua que formava a base do triângulo da praça ficava a casa de beira e bica de um tal Senhor Afonso Lourinho, que deu lugar a moderna residência do falecido ex - prefeito João Batista Arcanjo (Batistinha Arcanjo).

Nesta praça funcionou o posto de bicicletas para aluguel do Ze da Horacinha, aos cuidados do senhor Raimundo van Dick, famoso pedreiro da cidade.
No centro dela, em uma estrutura que se assemelha a uma larga coluna, funcionava a amplificadora Padre Antônio Tomás, por muito tempo dirigida por José Adelmar Carneiro. Eram locutores deste serviço, além do senhor Adelmar, os irmãos Gerardo Araújo (ex - prefeito da cidade)e José Wilson Araújo.
Embora tal serviço de comunicação tenha existido em um tempo em que a energia elétrica da cidade garantia ruas iluminadas somente até as dez horas da noite, este não se limitava a tal fato, pois seus três membros " acionavam um motor ONAM e ao som do "LERO - LERO" malhavam a administração João Aldeodato no programa " Luzes da Cidade".


Em tempos mais recentes a coluna onde funcionava a amplificadora passou a abrigar em seu "ventre comunicativo" um aparelho de tv para que as pessoas que não possuíam um destes em casa assitissem novela, os telejornais e os filmes da tela quente, iniciativa de um tempo em que um aparelho destes era luxo de uns poucos.



Por fim ali repousa ainda incólume (se comparado a outros itens do que resta do aptrimônio arquitetônico da cidade) o busto do padre Antônio Tomás,o príncipe dos poetas cearenses, figura desconhecida da imensa maioria dos Santanenses, sobretudo das novas gerações hoje tão desafeitas da leitura de uma boa poesia, acostumadas a letras de bandas de forró que desconstroem a juventude.
UMA POESIA DO PADRE ANTÔNIO TOMÁS INTITULADA "O PALHAÇO", GRAVADA EM PLACA QUE ESTÁ FIXADA NA COLUNA ONDE ESTÁ SEU BUSTO.


REFERÊNCIAS:
Rios, Audifax; Gentes da Licânia, Edições Ocupar, Santana do Acaraú - Ce, Julho de 1989.
O Município de Santana, Papelaria e Tipografia Correio da Semana, Sobral - Ceará, 1926

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