domingo, 3 de julho de 2011

FREI CRISTÓVÃO DE LISBOA - CAPÍTULO I

A história de Santana do Acaraú oferece um importante elo para ligá-la a das missões religiosas que desbravaram o interior do Brasil "dilatando a fé e ampliando o Reino" português: a missão de Frei Cristóvão de Lisboa.
Tal missão começou a ser preparada em uma época em que as casas reais potuguesa e espanhola estavam ligadas por laços cosangüíneos na pessoa de Felipe II. Tal época ficou conhecida como União Ibérica.
Segundo Willeke (1977) em 1622 o referido Rei deu à Província Franciscana de Santo Antônio a incumbência de itensificar as atividades missionárias na Amazônia e, sobretudo no Maranhão, onde em 1612 os franceses se instalram e construiram a cidade de São Luís e onde, após a expulsão dos mesmos, dois frades Franciscanos de Olinda, Frei Cosme de São Damião e Frei Manuel da Piedade haviam conquistado a simpatia dos índios, pregando-lhes a Boa - nova e assitindo-lhes em uma epidemia que ali grassou.
Foi nessa época que o Frade Cristóvão de Lisboa apresentou-se como voluntário para tal Missão, apesar da repreensão de amigos e familiares por conta de sua precária saúde.
Mas, antes de adentrarmos nos detalhes da eleição de Frei Cristóvão conheçamos um pouco de sua história pessoal.

CRSITÓVÃO SEVERIM DE FARÍA
FREI CRISTÓVÃO DE LISBOA

Antes de receber o nome religioso de Frei Cristóvão de Lisboa, tinha por nome de Batismo Cristóvão Severim de Faria, terceiro filho do executor - mor Gaspar Gil Severim e de sua mulher Dona Juliana de Faria.
Nasceu aos 25 de Julho de 1583, no dia de São Cristóvão, razão pela qual os pais lhe puseram o nome de Cristóvão, uma vez que eram devotos do santo.

A CATEDRAL DE ÉVORA


Aos dez anos de idade foi com o irmão mais velho Manuel para a cidade de Évora para fazer o Curso de Humanidades na casa do tio Padre Baltasar de Faria Severim (chantre da catedral de Évora).

UNIVERSIDADE DE ÉVORA

Tal curso Cristóvão continuou na Universidade de Évora, uma vez que tinha esperança de suceder ao tio na função de Chantre, porém, largando tudo, ingressou no Covento Franciscano de Portalegre aos 23 de Fevereiro de 1602, pedindo admissão na Província da Piedade.
Continuou em 1603 o curso filosófico interrompido em Évora. Contudo, o clima áspero da região que lhe prejudicava a saúde fez com que seus superiores lhe aconselhassem a ir para as regiões mais amenas da provícia franciscana de Santo Antônio, onde, admitido, concluiu o curso de teologia e ordenou-se sacerdote por volta de 1609.

A MISSÃO

Aceitando o Governo da Província Franciscana a oferta de Frei Cristóvão para ir em missão a terras do Maranhão, Pará, Ceará e Amazônia, nomeou a este como primeiro custódio da Missão, cedendo-lhe seis confrades para o Maranhão e quatro para o Pará.
No dia 30 de Abril de 1622, participando à Corte a resolução do Governo da Provícia Franciscana, os Missionários pediram a Coroa o auxílio financeiro de 350$000, antes mesmo da confirmação oficial da escolha do Custódio a 9 de junho do mesmo ano, em virtude do padroado; e antes da confirmação de seu nome como custódio e dos nomes de seus companheiros de missão pelo Capítulo Provincial Franciscano a 7 de maio de 1623.
Antes de sua partida Frei Crsitóvão procurou informar-se sobre o futuro território da missão e conhecer outras experiências de confrades que ali estiveram.
Tal precaução não era infundada, muitos eram os portugueses que voltavam a pátria com as mãos cheias de insucessos após terem vendido tudo e terem partido com sua casa e família, em busca de enriquecimento e honras, para o Brasil, bem como muitos eram os religiosos que regressavam sem pouco ou nada terem feito, por conta de conflitos com indígenas ou com os patrícios.
Luísa da Fonseca, em introdução de uma edição da obra História dos Animais e Árvores do Maranhão, publicada pela Universidade Federal do Paraná em 1968 assim descreve o quadro:
"Arrsicavam -se os portugueses a travessia do Oceano, arrostando com as tempestades e com os assaltos dos piratas; vendiam tudo quanto tinham e partiam com sua 'casa e família', muitas vezes para naufragarem ou para serem mortos pelos índiosnas praias onde se julgavam salvos. Era necessário ter rija têmpera para penetrar os sertões, lutar com os índios aguerridos e aguentar o choque do clima. Só os aventureiros ou os impelidos por missão superior se atreviam a tais perigos. Era humano que os primeiros procurassem recompensar explorando as riuquezas da terra. Parece-me, por isso, perfeitamente justo que, quando os padres capuchos acoselhavam para dirigir temporalmente os índios um ministro desinteressado que governasse sem ambição, sem ódio e sem afeição particular, o Procurador da Coroa respondesse:'Tenho por imposível haver um homem destas qualidades que queira ir ao Maranhão com tanto trabalho e tão pouco lucro'.
O ato de recuperar-se do prejuízo muitas vezes se fazia por meio da opressão aos indígenas, tomando-lhes a terra, violentando suas mulhrees e filhas, e impedindo os mesmos de cultivar suas roças, com as quais davam subsistência ao seu povo e ao invasor português.
Por essa razão Frei Cristóvão buscou "familiarizar-se" com a situação da missão próxima a Belém, onde quatro irmãos seráficos viviam desde 1617 entre os Tupinambá de Una; buscou saber das experiências vividas, nos momentos de doutrina, por seus confrades, nas missões que a província de santo Antônio mantivera entre as Alagoas e a Paraíba dos anos de 1585 a 1619, e as razões que concorreram para a entrega definitiva das mesmas.
A escuta das experiências destes frades evidenciou a Frei Cristóvão a exploração e a violência que os indígenas sofriam por parte dos portugueses. Tal violência levava os indígenas a buscarem refúgio nos sertões e a reagirem a intervenção portuguesa para colonizar a terra.
Luísa da Fonseca, aqui já citada, afirma:
"A toleraância e a paz com os indpigenas eram os pricípios basilares da colonização portuguesa, porém, aventureiros gananciosos na pressa de enriquecerem provocavam muitas vezes graves conflitos. E é verdade também que nem todos os índios estavam dispostos a confraternizar com os estrangeirso invasores de suas terras(...)."
Por esta razão o Capítulo Provincial Franciscano dirigiu à Corte de Madri um requerimento em 7 de Maio de 1623 pedindo "a normalização das condições, no seu futuro campo de missões e especialmente a abolição das admnistrações leigas dos índios."

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