terça-feira, 28 de dezembro de 2010
A CADEIA PÚBLICA DE SANTANA DO ACARAÚ
Construída possivelmente na época em que era presidente da Provícia do Ceará José Júlio de Albuquerque Barros( o 41º da província), a cadeia pública de Santana do Acaraú é o exemplo clássico de um prédio público que vai sendo adaptado ás necessidades de cada época, não sem muitos desafios.
Passando atualmente por uma reforma que está em fase de acabamento, cremos que está sendo restaurada para oferecer aos detentos condições mais dignas de sobrevivência do que aquelas que tivemos oportunidade de conhcer quando ali exercemos missão de evangelização:cômodos escuros, péssimas condições hidráulicas e elétricas, telhado que na estação invernosa não protegia os detentos da chuva, etc.
Contudo, a fachada até então intocada, sofreu uma grave modificação do acréscimo de portas e um trabalho de pinturas que passa longe e muito longe de uma restauração conforme se pode ver nas fotos desta postagem.
Sobre ela o autor do livro O Município de Santana fala o seguinte:
"(...). Estas duas últimas obras são também importantes; representam um só edifício, mas não tem absolutamente de uma para a outra communicação alguma. - a primeira(a cadeia) voltada para leste, ostenta na sua fachada uma perspectiva elegante: Na parte mais elevada que fica no centro, uma sacada descança sobre os capitéis de duas volumosas columnas que se erguem de um lado e de outro do portão principal acima do qual, em um semi - círculo, lê-se a inscripção - Dr. José Júlio de Albuquerque Barros - alludindo à presidencia deste, à cujo benefício bafejo se deve a sua construcção."
"Um largo corredor com dois portões de ferro, diametralmente oppostos, devide-a em duas partes iguaes: o lado direito contém três prisões distinctas, e o lado esquerdo uma só, destinda a prisões communs; e todas ellas comportões de ferro que abrem para o corredor, e janelas gradeadas que deitão para um pateo encerrado por uma alta muralha, offerecem a precisa segurança e comodidade do infeliz detento."
" A segunda(o quartel), como se vê, corre nos fundos da primeira, serve-lhe de muralha nessa parte; tem a frente Oeste, e divide-se em cinco compartimentos com as necessárias accommodações ao seu fim."
"Uma só calçada rodêa os dois edifícios ao longo da muralha que os une, alargando-se em forma de patamar à frente da Cadeia..."(O Município de Santana, páginas 197 e 198)
Antônio Bezerra, quando por aqui esteve assim relata sua visita à cadeia pública do Município de Santana:
"Visitei a cadeia pública, situada no extremo sul da cidade, quase po detrás da Casa de Caridade."
"É pequena, baixa, mas de excelente construção."
"Destaca-se ao longe por achar-se isolada na planície."
"Examinei os compartimentos, travei conversa com os encarcerados, e por ser a prisão o termômetro do atraso de um povo, lamentei de coração a sorte dos desgraçados que não tiveram os benefícios da instrução." (Antônio Bezerra, notas de Viagem, página 70).
Talvez hoje não se possa dizer algo muito diferente daquilo que afirmava o referido autor naquela época.
Sofrendo com os malefícios que as drogas trazem à cidade assitimos à morte violenta de um agente prisional a meses atrás. Quisera que nela não existissem detentos e que a velha cadeia fosse apenas um sinal de advertência ás futuras gerações de que a violência nada constrói.
VISTA LATERAL DA CADEIA: RUA JOSÉ MARIANO
VISTA LATERAL DA CADEIA: RUA JOSÉ MARIANO
QUARTEL: PLACA INDICATIVA E PLATIBANDA TRABALHADA
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
A PONTE DA LAGOA DA CARIDADE OU PONTE DO SÃO JOÃO
FOTO 1: VISTA DA LAGOA DA CARIDADE EM TEMPO DE SECA DO RIO ACARAÚ. NESTE LUGAR ESTÁ, HOJE, A PRAÇA SÃO JOÃO E Á DIREITA ESTÁ A PONTE ONDE SE PODE OBSERVAR OS ARCOS PODE ONDE PASSAVAM AS ÁGUAS DO RIO EM TEMPO DE CHEIA
Testemunha de um tempo em que a cidade tinha apenas dois bairros, a ponte do São João (como é conhecida hoje) tinha a função, na época em que foi construída de ligar os dois bairros tornando possível a travessia por sobre a Lagoa da Caridade nos tempos de cheia do rio Acaraú.
Sobre esta última fala Antônio Bezerra no seu livro Notas de Viagem:
"Na estação invernosa o rio alaga a planície, e deita as águas além dos últimos degraus do mercado da parte ocidental; e então é belo contemplar a multidão de canoas transportando famílias que em doce recreação passeiam por dentro da cidade." (Antônio Bezerra Notas de Viagem página 68)
O autor do livro O Município de Santana, partindo da antiga praça Tenete Coronel Manoel joaquim que mais tarde deu origem à Praça Padre Antõnio Tomás, assim descreve a ponte do São João:
"Sigamos; lá vão as linhas de combustores da iluminação a pár de outra de arvoredos que seguem ao longo das ruas por um e outro lado desta praça. Aqui sob os nossos pés estão três arcadas , as aguas do rio, nas grandes enchentes, passando por ellas, formão deste lado, a esquerda uma vasta bacia, onde à tarde, em canôas, por entre aquellas carnaubeiras, as famílias divertem-se em agradáveis passeios." (O Município de Santana, página 193)
A importância de sua preservação, portanto, está na possibilidade de serem contadas às novas geração estas memórias que tratam do modo como os homens transformam e são transformados pelo meio geográfico urbano.
sábado, 25 de dezembro de 2010
O SOBRADO JABURU
FOTO DO SOBRADO JABURU: EQUIPE DE ROSEMBERG CARIRI; DURANTE AS FILMAGENS DE A SAGA DO GUERREIRO ALUMIOOSO
Resistente às intempéries e à ação humana, está ereto, ainda, no bairro do São João o sobrado do Jaburu, assim chamado graças a um bar que ali funcionou.
Originalmente pertenceu o mesmo ao Tenente Francisco Leôncio de Andrade, bisavô do memorável Padre Arnóbio Andrade, décimo Pároco da Paróquia de Santana do Acaraú. O livro O Município de Santana assim fala do referido sobrado e de seu primitivo dono:
“(...). Aquelle becco vai ter ao rio, e o sobrado da esquina pertence a D. Theodora Geracina de Andrade, viúva do tenente Francisco Leôncio de Andrade. Esse prestimoso cidadão foi o primeiro negociante do seu tempo; o seu movimento comercial elevou-se a oitenta e muitos contos de réis (...)”.
Em um dos quartos da parte de baixo negociou muito tempo o senhor Otalício Gregório, vendendo desde gêneros alimentícios até doses de pinga aos vaqueiros que com ele comerciavam.
Nele foram filmadas algumas cenas do filme A Saga do Guerreiro Alumioso do cineasta Rosemberg Cariri, num tempo em que sua estrutura de riquíssimo estilo ainda não estava tão deteriorada como hoje.
VISTA LATERAL DO SOBRADO JABURU
O que será do velho Jaburu ainda não se sabe. O fato é que tem escapado da sanha louca da modernidade de ricos senhores que com seu poderio monetário e nenhuma instrução para a arte e a beleza transformam estes prédios em outros prontos ao fim do lucro em detrimento só dos seus e não do povo santanense.
VISTA LATERAL DO SOBRADO JABURU
UM DETALHE DO SOBRADO: ESCADA QUE DÁ ACESSO DOS EGUNDO PISO AO QUINTAL
PLATIBANDA DO SOBRADO
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
A CASA DE CARIDADE FUNDADA PELO PADRE IBIAPINA
CASA DE CARIDADE DE SANTANA DO ACARAÚ
Embora um número muito reduzido de santanenses saiba, Santana foi contemplada pelas missões do padre José Antônio de Maria Ibiapina, célebre missionário cuja vida está sendo analisada pelo Tribunal das Causas dos Santos em Roma, porém eleito pela devoção popular em vários estados do Nordeste e objeto de estudo em várias instituições acadêmicas nacionais e internacionais.
Conforme o livro O Município de Santana, chegou o padre Ibiapina à Santana no ano de 1862 quando o partido Conservador e o Liberal se enfrentavam em renhida luta que fora extinta pelas palavras cheias de unção do mesmo.
Como em toda missão, cá também construiu o Padre Ibiapina uma Casa de Caridade cuja obra começou em dois de Novembro de 1862 no lugar das ruínas de uma Senhora conhecida por cega Justina, e foi concluída em dois de fevereiro de 1863. Tal casa, como todas fundadas pelo Padre, destinava-se ao abrigo de órfãos, ao cuidado de doentes e ao ensino de ofícios às órfãs que ali eram abrigadas.
À sua inauguração concorreu numeroso público, da própria Vila e de Vilas circunvizinhas, estimado em torno de cinco mil pessoas.
O Livro O Município de Santana assim descreve a fachada da casa de Caridade:
“(...) A sua fachada, de altura regular, aformoseda de parapeito, contem dôse janellas e três portões collocados em symetrica disposição. Ligada a egreja de S. João, representa um só edifício, e todavia se achão inteiramente discriminados. Começando dali estende-se na direção de sul e mede 47 metros até aquella esquina onde termina; mas é preciso advertir que a casa, propriamente dita, não ocupa toda essa extenção: sua frente tem apenas 29 metros comprehendidos entre estes dois cunhaes que a distinguem. Só o portão do centro com aquellas oito janellas – quatro de cada lado -, pretence a casa; os dois lateraes, cada um com duas janellas fingidas deitão para o jardim e aquella que vemos à esquerda do primeiro portão, que comprehendemos no número das fingidas, tem ao interior um aparelho e é destinda a recepção dos expostos. Branca, pois, como a neve, essa fachada que realça pela cor verde de seus portões e gelosias envidraçadas, ostenta uma perspectiva agradável e ao mesmo tempo respeitosa pelo dístico – Casa de Caridade – que se lê entre aquelles seis canos sobre o portão principal. De forma quadrangular, deste lado Ella só nos apresenta um face, as outras três, aliás idênticas, estão do lado opposto. O seu compartimento, as suas disposições internas, mão de obra e asseio, prendem as attenções dos visitantes; mas, antes de entrarmos nos seus detalhes, subamos a calçada e continuemos por Ella o nosso passeio em torno da vasta muralha que a circunda.” (O Município de sant’Anna, página 195, 2º parágrafo)
“Este muro, fingindo frente com um portão entre 18 janellas, mede desta aquella esquina 55 metros de extensão. Encaminhemos nos para lá. Aqui a calçada é bastante elevada pelo declive do terreno; e este muro que se estende ao norte, tendo no centro, entre 16 janellas fingidas, em portão de madeira que se abre para o Jardim, corrresponde as dimensões da fachada de nosso edifício.” (O Município de sant’Anna, página 196, parágrafo 1º)”
O MURO DA ANTIGA CASA DE CARIDADE A ALGUNS ANOS ATRÁS ANTES DE DAR ESPAÇO A VÁRIAS CASAS QUE ALI JÁ FORAM CONSTRÍDAS
Antônio Bezerra em seu livro: “Notas de viagem”, assim descreve a fachada da casa de Caridade quando de sua visita à Santana:
“No extremo oposto, próximo a uma pequena elevação do terreno conhecido por Alto de S. João, está a Casa de Caridade, lindo edifício com 15 portas de frente, de construção elegante(...)”(Bezerra, Antônio; Notas de viagem, pág. 68)
“Uma mimosa capela, em cujo cimo monta pequena torre, que se escapa da cornija aberta em dois arcos voltados para cima, forma o ângulo setentrional do edifício e trona mais imponente aquela construção.” (Bezerra, Antônio; Notas de viagem, pág. 69)
Os espaços interiores da Casa de Caridade são assim descritos pelo mesmo livro:
“Esta saleta ladrilhada de pedra, tendo por paredes esses gradis de madeira que a separam dos dois salões lateraes, é destinada à espera dos visitantes. Eis o cordão da sineta que nos deve annunciar; mas antes de fazê-la soar examinemos o que há aqui de curioso. Defronte de nós de um lado e d’outro d’essa porta que dá para o interior da casa, essa saliência de madeira envernisada que vemos, contem em compartimentos quatro vasos para o recebimento das esmolas de cereaes – milho, feijão, arroz e farinha -. Cada vaso no lado superior, sob um vidro, tem a indicação do cereal que lhe convém; e aquella caixinha, alli pregada com segurança, indica pela sua – fenda – a naturesa do óbulo que tem de receber... Forra da esta saleta do lado de cima por toda sua extensão, há um côro, onde a família da casa se reúne para assistir aos actos divinos, que se celebrão no salão da esquerda, no fundo do qual, alem daquella pesada cortina adamascada, está o Altar que por primeiro logar devemos visitar. (O Município de sant’Anna, páginas 201 parágrafo3º )
“(...)comecemos nossa visita pela capella(...). o seu pavimento e tecto são forrados de taboas, a capella começa desta grade”. (O Município de sant’Anna, página 202, parágrafo 3º)
PARTE MODIFICADA DA CASA DE CARIDADE ONDE A MESMA COMUNICAVA-SE COM A IGREJA SÃO JOÃO
“Corramos o cortinado para descobrirmos o altar. Ei-lo. Collocado em posição elevada elle realça pela brancura de sua cor, e ostenta-se magestoso nas molduras com lavores em relevo e frizos dourados que o adornão! É em si bem regular em tamanho esta capella; mas Ella toma maiores proporções nos dias festivos: aquellas duas grades são amovíveis; nesse dias desprendem-se ellas das mollas, e a capella estende-se então até o fundo daquella outra sala. Poucas egrejas na Província offerecem n’este caso, tanto espaço á população.” (O Município de sant’Anna, página 202, parágrafo 4º)
“Aqui, deste lado, a saleta que vemos, com um corêto especial, para a musica, serve de sachristia; atravessemo – la; vamos ver a antiga e primitiva capella da casa. Ei-la; foi n’esta sala, ante aquelles dois singelos altares, que se celebrarão os primeiros actos da religião n’este pio estabelecimento. A saleta que se segue em frente nada tem de curioso, é um quarto para acomodações, e que servia de sachristia à velha capella. Agora por esta porta entre estes dois altares passemos ao interior da casa”. (O Município de sant’Anna, página 203, parágrafo 1º)
Em sua visita à Casa de Caridade Antônio Bezerra descreve desta forma sua visita à capela da mesma:
“Achando –se aberta a porta central, penetrei no estabelecimento.”
“Uma mimosa capela, em cujo cimo monta pequena torre, que se escapa da cornija aberta em dois arcos voltados para cima, forma o ângulo setentrional do edifício e trona mais imponente aquela construção.” (Bezerra, Antônio; Notas de viagem, pág. 69)
“Logo à entrada, do lado esquerdo, deparou-se – me um rico altar, convenientemente preparado, onde um sacerdote celebrava a missa.” “Uma mimosa capela, em cujo cimo monta pequena torre, que se escapa da cornija aberta em dois arcos voltados para cima, forma o ângulo setentrional do edifício e trona mais imponente aquela construção.” (Bezerra, Antônio; Notas de viagem, pág. 69)
“Diversos bustos de santos me impressionaram pela perfeição do trabalho, mas sobretudo o que mais atraiu minha atenção foi o retrato à óleo do padre Ibiapina, que pendia da parede lateral.” “Uma mimosa capela, em cujo cimo monta pequena torre, que se escapa da cornija aberta em dois arcos voltados para cima, forma o ângulo setentrional do edifício e trona mais imponente aquela construção.” (Bezerra, Antônio; Notas de viagem, pág. 69)
Contam os memorialistas de nossa cidade que este retrato á óleo do padre Ibiapina é o que hoje se encontra no museu Dom José e a imagem de Nossa Senhora do Rosário é a que está na Igreja do Rosário em Sobral.
Continuemos com a descrição do Livro o Município de Santana:
“Eis um pateo interessante, um famoso saguão! Alli no centro, rodeada dessa elegante alpendrada, aberta em arcadas que tem por base dose columnas deixando ver, entre ellas e as paredes lateraes que encerrão o edfício, aquelle passeio, espécie de corredor que contornêa todo este recinto, está um cisterna bastante profunda destinada a recolher as águas pluviaes, que correm de todos os lados do tecto, na parte interior da casa. Approximemos – nos della: Bojúda como uma jarra, porem pouco afunilada, com estas bordas salientes que nos chegão à cinta, Ella, como dissemos, recebe as águas por essa seis aberturas que correspondem a outras tantas daquellas columnas, por cada uma das quais desce do tecto, encoberto por esse elevado parapeito um cano que, tocando ao solo, nelle se interna e vai terminar alli”. (O Município de Sant’Anna, página 203, parágrafo2º)
“Nos annos invernosos esta cisterna enche-se; e transbordaria se aquella larga fenda, quase na extremidade das bordas, não proporcionasse franco esgoto às águas excedentes que, chegando a Ella, descem por esse cano especial e vão ter a um poço profundíssimo, de 20 palmos mais ou menos de diâmetro no fundo do jardim. Debaixo dessa alpendrada existem seis cubículos, ourt’ora, segundo a intenção do instituidor, destinados ao abrigo de mulheres convertidas, mas que hoje se prestão a outras commodidades da família da casa em vista da nova ordem estabelecida no Regulamento respectivo que abolio a recepção daquellas. Daqui se vê perfeitamente que este edifício é de forma quadriangular. (O Município de sant’Anna, página 203, parágrafo 3º)
“As linhas da frente, fundo e lados, são parallelas entre si; e o pateo em que nos achamos, que conserva a mesma forma, representa a quarta parte de todo. Esta cisterna está no ponto central; daqui se vê em linha recta, a leste, através daquella sala, o portão do fundo da muralha, a oeste, o portão da frente, e de sul a norte, por entre aquellas seis portas abertas, os lados do jardim que, se estendem até a muralha da frente. Sigamos a leste, mas antes de visitarmos a sala indicada, pouco adiante desse curto corredor, idêntico ao que se segue a saleta de espera onde estivemos, vejamos o que há neste cubículo da esquerda. Eis uma escada.” (O Município de sant’Anna, página 204, parágrafo 1º)
“Talvez nos seja mais commodo desviarmos-nos por emquanto da direção em que vínhamos; subamos por ella. Aqui começa o soalho do pavimento superior, grande sótão que occupa quase dois lados da casa. Essas janellas deitão para o salão do trabalho das órfãs; e é daqui, debruçadas sobre esse avarandado, que sobresahe no espaço, que ellas na festa do dia 2 de fevereiro, anniversário da installação, observão o movimento do povo e o leilão que em seu benefício alli se faz. Por toda a extensão da sala interior acompanhando essas janellas na direção do norte, segue este corredor.” (O Município de sant’Anna, página 204, parágrafo2º)
“Demos por vista esta parte, e voltemos ao ponto da nossa entrada aqui.” (O Município de sant’Anna, página 204, parágrafos 3º)
“Esse outro corredor prolonga-se na direção de oeste e termina naquella parede que nos separa da capella, mas elle continua à esquerda; vejamos onde vai dar. Nesta parte elle se torna mais espaçoso, e aquella porta que vemos, vai ter ao coreto, onde a família da casa assiste aos actos divinos. Lá está a capella e o salão que lhe fica do lado opposto. Eis a sineta ao toque da qual nos fisemos anunciar à Superiôra. Este sino, de tamanho regular, foi um presente que o Tenente Francisco Leôncio de Andrade fez à casa. Agora retrocedamos: a direita, adiante de nós, está outra escada, desçamos. Esta sala é contígua a que vimos do coreto. Aqui a Superiôra recebe as suas visitas; é fresca e deita porta e janela para o jardim. Continuemos. A sala que se segue é destinada para o refeitório, e aquellas duas portas dão para dois compartimentos – a cosinha e a despensa. – Esta é ao lado sul da casa; estamos defronte da cisterna. Voltemos ao saguão e pela alpendrada, ao ponto d’onde nos desviamos para subir ao sótão. Eis o corredor que já vimos e a sala de que fallamos.” (O Município de sant’Anna, página 204, parágrafo 4º)
“Nestes dois salões lateraes termina o edfício: o da esquerda, que observamos daquele avarandado, é destinado ao trabalho de costura, rendas, bordados e leitura; o da direita ao de tecidos; e um e outro, rodeados de janelas que deitão para o jardim, só comunicam com este pelo portão em que estamos. Larga calçada circunda o edifício: Ella nesta parte é um ouço elevada; e aquelles degráos, entre esses dois peitoris de engenhosa construcção, favorecem a descida.” (O Município de sant’Anna, página 205, parágrafo 1º)
“Desçamos, pois, ao jardim e, seguindo por esse passeio que o divide em duas partes iguaes, vamos até o portão da muralha para de lá fasermos outras apreciações.” (O Município de sant’Anna, página 205, parágrafo 2º)
“Deste ao portão donde partimos há, a distancia de 26 metros; e daqui, voltando-nos, podemos de um só golpe de vista contemplar todo o jardim.” (O Município de sant’Anna, página 205, parágrafo 3º)
Extinta a associação religiosa fundada pelo padre Ibiapina, o edifício passou à posse da Diocese. Dom José Tupinambá da Frota vendeu a Casa de Caridade aos filhos do senhor João Alfredo de Araújo e a um primo destes: o senhor José Olavo Fonteles que, unidos em sociedade comercial, ali instalaram uma fábrica de processamento de algodão que anos depois faliu.
Comprando todo o edifício dos demais sócios, o senhor José Olavo Fonteles incorporou o mesmo ao seu patrimônio. Pouco a pouco a casa de caridade foi dividida em lotes que, desde aí, foram e são vendidos e alugados e quase nada da magnífica casa de caridade fundada pelo padre Ibiapina existe hoje.
VISTA POSTERIOR DE UM DOS TRECHOS DA ANTIGA CASA DE CARIDADE QUE FOI TRANSFORMADA EM UMA GARAGEM
TÚNEL DE ALVENARIA QUE PASSA POR BAIXO DO TRECHO DA CASA DE CARIDADE QUE FOI TRANSFORMADO EM GARAGEM
Embora um número muito reduzido de santanenses saiba, Santana foi contemplada pelas missões do padre José Antônio de Maria Ibiapina, célebre missionário cuja vida está sendo analisada pelo Tribunal das Causas dos Santos em Roma, porém eleito pela devoção popular em vários estados do Nordeste e objeto de estudo em várias instituições acadêmicas nacionais e internacionais.
Conforme o livro O Município de Santana, chegou o padre Ibiapina à Santana no ano de 1862 quando o partido Conservador e o Liberal se enfrentavam em renhida luta que fora extinta pelas palavras cheias de unção do mesmo.
Como em toda missão, cá também construiu o Padre Ibiapina uma Casa de Caridade cuja obra começou em dois de Novembro de 1862 no lugar das ruínas de uma Senhora conhecida por cega Justina, e foi concluída em dois de fevereiro de 1863. Tal casa, como todas fundadas pelo Padre, destinava-se ao abrigo de órfãos, ao cuidado de doentes e ao ensino de ofícios às órfãs que ali eram abrigadas.
À sua inauguração concorreu numeroso público, da própria Vila e de Vilas circunvizinhas, estimado em torno de cinco mil pessoas.
O Livro O Município de Santana assim descreve a fachada da casa de Caridade:
“(...) A sua fachada, de altura regular, aformoseda de parapeito, contem dôse janellas e três portões collocados em symetrica disposição. Ligada a egreja de S. João, representa um só edifício, e todavia se achão inteiramente discriminados. Começando dali estende-se na direção de sul e mede 47 metros até aquella esquina onde termina; mas é preciso advertir que a casa, propriamente dita, não ocupa toda essa extenção: sua frente tem apenas 29 metros comprehendidos entre estes dois cunhaes que a distinguem. Só o portão do centro com aquellas oito janellas – quatro de cada lado -, pretence a casa; os dois lateraes, cada um com duas janellas fingidas deitão para o jardim e aquella que vemos à esquerda do primeiro portão, que comprehendemos no número das fingidas, tem ao interior um aparelho e é destinda a recepção dos expostos. Branca, pois, como a neve, essa fachada que realça pela cor verde de seus portões e gelosias envidraçadas, ostenta uma perspectiva agradável e ao mesmo tempo respeitosa pelo dístico – Casa de Caridade – que se lê entre aquelles seis canos sobre o portão principal. De forma quadrangular, deste lado Ella só nos apresenta um face, as outras três, aliás idênticas, estão do lado opposto. O seu compartimento, as suas disposições internas, mão de obra e asseio, prendem as attenções dos visitantes; mas, antes de entrarmos nos seus detalhes, subamos a calçada e continuemos por Ella o nosso passeio em torno da vasta muralha que a circunda.” (O Município de sant’Anna, página 195, 2º parágrafo)
“Este muro, fingindo frente com um portão entre 18 janellas, mede desta aquella esquina 55 metros de extensão. Encaminhemos nos para lá. Aqui a calçada é bastante elevada pelo declive do terreno; e este muro que se estende ao norte, tendo no centro, entre 16 janellas fingidas, em portão de madeira que se abre para o Jardim, corrresponde as dimensões da fachada de nosso edifício.” (O Município de sant’Anna, página 196, parágrafo 1º)”
O MURO DA ANTIGA CASA DE CARIDADE A ALGUNS ANOS ATRÁS ANTES DE DAR ESPAÇO A VÁRIAS CASAS QUE ALI JÁ FORAM CONSTRÍDAS
Antônio Bezerra em seu livro: “Notas de viagem”, assim descreve a fachada da casa de Caridade quando de sua visita à Santana:
“No extremo oposto, próximo a uma pequena elevação do terreno conhecido por Alto de S. João, está a Casa de Caridade, lindo edifício com 15 portas de frente, de construção elegante(...)”(Bezerra, Antônio; Notas de viagem, pág. 68)
“Uma mimosa capela, em cujo cimo monta pequena torre, que se escapa da cornija aberta em dois arcos voltados para cima, forma o ângulo setentrional do edifício e trona mais imponente aquela construção.” (Bezerra, Antônio; Notas de viagem, pág. 69)
Os espaços interiores da Casa de Caridade são assim descritos pelo mesmo livro:
“Esta saleta ladrilhada de pedra, tendo por paredes esses gradis de madeira que a separam dos dois salões lateraes, é destinada à espera dos visitantes. Eis o cordão da sineta que nos deve annunciar; mas antes de fazê-la soar examinemos o que há aqui de curioso. Defronte de nós de um lado e d’outro d’essa porta que dá para o interior da casa, essa saliência de madeira envernisada que vemos, contem em compartimentos quatro vasos para o recebimento das esmolas de cereaes – milho, feijão, arroz e farinha -. Cada vaso no lado superior, sob um vidro, tem a indicação do cereal que lhe convém; e aquella caixinha, alli pregada com segurança, indica pela sua – fenda – a naturesa do óbulo que tem de receber... Forra da esta saleta do lado de cima por toda sua extensão, há um côro, onde a família da casa se reúne para assistir aos actos divinos, que se celebrão no salão da esquerda, no fundo do qual, alem daquella pesada cortina adamascada, está o Altar que por primeiro logar devemos visitar. (O Município de sant’Anna, páginas 201 parágrafo3º )
“(...)comecemos nossa visita pela capella(...). o seu pavimento e tecto são forrados de taboas, a capella começa desta grade”. (O Município de sant’Anna, página 202, parágrafo 3º)
PARTE MODIFICADA DA CASA DE CARIDADE ONDE A MESMA COMUNICAVA-SE COM A IGREJA SÃO JOÃO
“Corramos o cortinado para descobrirmos o altar. Ei-lo. Collocado em posição elevada elle realça pela brancura de sua cor, e ostenta-se magestoso nas molduras com lavores em relevo e frizos dourados que o adornão! É em si bem regular em tamanho esta capella; mas Ella toma maiores proporções nos dias festivos: aquellas duas grades são amovíveis; nesse dias desprendem-se ellas das mollas, e a capella estende-se então até o fundo daquella outra sala. Poucas egrejas na Província offerecem n’este caso, tanto espaço á população.” (O Município de sant’Anna, página 202, parágrafo 4º)
“Aqui, deste lado, a saleta que vemos, com um corêto especial, para a musica, serve de sachristia; atravessemo – la; vamos ver a antiga e primitiva capella da casa. Ei-la; foi n’esta sala, ante aquelles dois singelos altares, que se celebrarão os primeiros actos da religião n’este pio estabelecimento. A saleta que se segue em frente nada tem de curioso, é um quarto para acomodações, e que servia de sachristia à velha capella. Agora por esta porta entre estes dois altares passemos ao interior da casa”. (O Município de sant’Anna, página 203, parágrafo 1º)
Em sua visita à Casa de Caridade Antônio Bezerra descreve desta forma sua visita à capela da mesma:
“Achando –se aberta a porta central, penetrei no estabelecimento.”
“Uma mimosa capela, em cujo cimo monta pequena torre, que se escapa da cornija aberta em dois arcos voltados para cima, forma o ângulo setentrional do edifício e trona mais imponente aquela construção.” (Bezerra, Antônio; Notas de viagem, pág. 69)
“Logo à entrada, do lado esquerdo, deparou-se – me um rico altar, convenientemente preparado, onde um sacerdote celebrava a missa.” “Uma mimosa capela, em cujo cimo monta pequena torre, que se escapa da cornija aberta em dois arcos voltados para cima, forma o ângulo setentrional do edifício e trona mais imponente aquela construção.” (Bezerra, Antônio; Notas de viagem, pág. 69)
“Diversos bustos de santos me impressionaram pela perfeição do trabalho, mas sobretudo o que mais atraiu minha atenção foi o retrato à óleo do padre Ibiapina, que pendia da parede lateral.” “Uma mimosa capela, em cujo cimo monta pequena torre, que se escapa da cornija aberta em dois arcos voltados para cima, forma o ângulo setentrional do edifício e trona mais imponente aquela construção.” (Bezerra, Antônio; Notas de viagem, pág. 69)
Contam os memorialistas de nossa cidade que este retrato á óleo do padre Ibiapina é o que hoje se encontra no museu Dom José e a imagem de Nossa Senhora do Rosário é a que está na Igreja do Rosário em Sobral.
Continuemos com a descrição do Livro o Município de Santana:
“Eis um pateo interessante, um famoso saguão! Alli no centro, rodeada dessa elegante alpendrada, aberta em arcadas que tem por base dose columnas deixando ver, entre ellas e as paredes lateraes que encerrão o edfício, aquelle passeio, espécie de corredor que contornêa todo este recinto, está um cisterna bastante profunda destinada a recolher as águas pluviaes, que correm de todos os lados do tecto, na parte interior da casa. Approximemos – nos della: Bojúda como uma jarra, porem pouco afunilada, com estas bordas salientes que nos chegão à cinta, Ella, como dissemos, recebe as águas por essa seis aberturas que correspondem a outras tantas daquellas columnas, por cada uma das quais desce do tecto, encoberto por esse elevado parapeito um cano que, tocando ao solo, nelle se interna e vai terminar alli”. (O Município de Sant’Anna, página 203, parágrafo2º)
“Nos annos invernosos esta cisterna enche-se; e transbordaria se aquella larga fenda, quase na extremidade das bordas, não proporcionasse franco esgoto às águas excedentes que, chegando a Ella, descem por esse cano especial e vão ter a um poço profundíssimo, de 20 palmos mais ou menos de diâmetro no fundo do jardim. Debaixo dessa alpendrada existem seis cubículos, ourt’ora, segundo a intenção do instituidor, destinados ao abrigo de mulheres convertidas, mas que hoje se prestão a outras commodidades da família da casa em vista da nova ordem estabelecida no Regulamento respectivo que abolio a recepção daquellas. Daqui se vê perfeitamente que este edifício é de forma quadriangular. (O Município de sant’Anna, página 203, parágrafo 3º)
“As linhas da frente, fundo e lados, são parallelas entre si; e o pateo em que nos achamos, que conserva a mesma forma, representa a quarta parte de todo. Esta cisterna está no ponto central; daqui se vê em linha recta, a leste, através daquella sala, o portão do fundo da muralha, a oeste, o portão da frente, e de sul a norte, por entre aquellas seis portas abertas, os lados do jardim que, se estendem até a muralha da frente. Sigamos a leste, mas antes de visitarmos a sala indicada, pouco adiante desse curto corredor, idêntico ao que se segue a saleta de espera onde estivemos, vejamos o que há neste cubículo da esquerda. Eis uma escada.” (O Município de sant’Anna, página 204, parágrafo 1º)
“Talvez nos seja mais commodo desviarmos-nos por emquanto da direção em que vínhamos; subamos por ella. Aqui começa o soalho do pavimento superior, grande sótão que occupa quase dois lados da casa. Essas janellas deitão para o salão do trabalho das órfãs; e é daqui, debruçadas sobre esse avarandado, que sobresahe no espaço, que ellas na festa do dia 2 de fevereiro, anniversário da installação, observão o movimento do povo e o leilão que em seu benefício alli se faz. Por toda a extensão da sala interior acompanhando essas janellas na direção do norte, segue este corredor.” (O Município de sant’Anna, página 204, parágrafo2º)
“Demos por vista esta parte, e voltemos ao ponto da nossa entrada aqui.” (O Município de sant’Anna, página 204, parágrafos 3º)
“Esse outro corredor prolonga-se na direção de oeste e termina naquella parede que nos separa da capella, mas elle continua à esquerda; vejamos onde vai dar. Nesta parte elle se torna mais espaçoso, e aquella porta que vemos, vai ter ao coreto, onde a família da casa assiste aos actos divinos. Lá está a capella e o salão que lhe fica do lado opposto. Eis a sineta ao toque da qual nos fisemos anunciar à Superiôra. Este sino, de tamanho regular, foi um presente que o Tenente Francisco Leôncio de Andrade fez à casa. Agora retrocedamos: a direita, adiante de nós, está outra escada, desçamos. Esta sala é contígua a que vimos do coreto. Aqui a Superiôra recebe as suas visitas; é fresca e deita porta e janela para o jardim. Continuemos. A sala que se segue é destinada para o refeitório, e aquellas duas portas dão para dois compartimentos – a cosinha e a despensa. – Esta é ao lado sul da casa; estamos defronte da cisterna. Voltemos ao saguão e pela alpendrada, ao ponto d’onde nos desviamos para subir ao sótão. Eis o corredor que já vimos e a sala de que fallamos.” (O Município de sant’Anna, página 204, parágrafo 4º)
“Nestes dois salões lateraes termina o edfício: o da esquerda, que observamos daquele avarandado, é destinado ao trabalho de costura, rendas, bordados e leitura; o da direita ao de tecidos; e um e outro, rodeados de janelas que deitão para o jardim, só comunicam com este pelo portão em que estamos. Larga calçada circunda o edifício: Ella nesta parte é um ouço elevada; e aquelles degráos, entre esses dois peitoris de engenhosa construcção, favorecem a descida.” (O Município de sant’Anna, página 205, parágrafo 1º)
“Desçamos, pois, ao jardim e, seguindo por esse passeio que o divide em duas partes iguaes, vamos até o portão da muralha para de lá fasermos outras apreciações.” (O Município de sant’Anna, página 205, parágrafo 2º)
“Deste ao portão donde partimos há, a distancia de 26 metros; e daqui, voltando-nos, podemos de um só golpe de vista contemplar todo o jardim.” (O Município de sant’Anna, página 205, parágrafo 3º)
Extinta a associação religiosa fundada pelo padre Ibiapina, o edifício passou à posse da Diocese. Dom José Tupinambá da Frota vendeu a Casa de Caridade aos filhos do senhor João Alfredo de Araújo e a um primo destes: o senhor José Olavo Fonteles que, unidos em sociedade comercial, ali instalaram uma fábrica de processamento de algodão que anos depois faliu.
Comprando todo o edifício dos demais sócios, o senhor José Olavo Fonteles incorporou o mesmo ao seu patrimônio. Pouco a pouco a casa de caridade foi dividida em lotes que, desde aí, foram e são vendidos e alugados e quase nada da magnífica casa de caridade fundada pelo padre Ibiapina existe hoje.
VISTA POSTERIOR DE UM DOS TRECHOS DA ANTIGA CASA DE CARIDADE QUE FOI TRANSFORMADA EM UMA GARAGEM
TÚNEL DE ALVENARIA QUE PASSA POR BAIXO DO TRECHO DA CASA DE CARIDADE QUE FOI TRANSFORMADO EM GARAGEM
Marcadores:
Padre Ibiapina Santana do Acaraú Antônio Bezerra
A CAPELA DE SÃO JOÃO
Até as primeiras décadas do século XX Santana possuía apenas dois bairros: o de Santana e o de São João. Tal fato pode ser observado numa planta da cidade da década de 30 deste século reproduzida na época da administração do prefeito Ari Fonteles.
Os dois bairros, ligados pela ponte que permitia travessia, em tempo de cheia do rio, sobre a Lagoa da Caridade, tinham como marcos de distinção a Igreja de São João e a Matriz de Santa Ana.
IGREJA DE SÃO: AO LADO UMA DAS PRIMEIRAS PARTES MODIFICADAS DA CASA DE CARIDADE DO PADRE IBIAPINA
Tal igreja foi erigida pelo padre João Francisco Dias Nogueira, coadjutor do Vigário Padre Francisco Xavier Nogueira seu sobrinho. Tal fato encontra-se narrado no primeiro livro de tombo da Paróquia, bem como a transcrição de uma resolução do governo da Província do Ceará permitindo ao Padre fundador da Capela sepultura na mesma:
À 15 de janeiro de 1859 – o Reverendo coadjutor Padre João Francisco Dias Nogueira assentaria a primeira pedra da Igreja consagrada ao Glorioso São João Baptista, e no dia 15 de junho de 1860 pelas sete horas da manhã, procedeo o reverendo Vigário a benção da dita Igreja com todas as solemnidades e prescrições do Ritual Romano, e no meio de um concurso numeroso de povo, tendo a esse mesmo dia principio as novenas, e no dia 24 a festa, que se celebrou, com solemnidade, ainda n’este lugar não praticada; contudo detalhadamente consta do livro, que nos legou o Reverendo fundador. E, porque os serviços prestados pelo reverendo Dias Nogueira, n’esta edificação, forão relevantes e dignos do maior mericimento, a Assembléa Provincial lhe deo a devida apreciação, e consagrou ao fundador uma grata memória na resolução seguinte:
O Bacharel José Bento da Cunha Figueiredo Junior, Cavalheiro da Ordem de Christo, e prezidente da província do Ceará. Faço saber a todos os seos habitantes, que a Assemblea Legislativa Provincial decretou, e eu sanccionei a resolução seguinte.
Artigo Único. É permitido o direito de sepultura perpetua, obtida a licença do ordinário, ao padre João Francisco Dias Nogueira, na capella de São João Baptista, erecta na Freguezia de Sant’Anna do Acaracú, da qual foi elle fundador: revogadas as disposições em contrário.
Mando portanto à todas as autoridades, a quem o conhecimento e execução da prezente resolução pertencer, que a cumprão e a fação cumprir, tão inteiramente, como n’ella se contem. O Secretário da Provincia a faça imprimir, publicar e correr. Palácio do Governo do Ceará aos 21 de Novembro de 1862. O Secretário da Provincia Sisval Odorico de Moura – registrada no livro competente – Secretaria do Governo do Ceará aos 21 de Novembro de 1862 - Estevão Sabino de Moura.
(Primeiro Livro de Tombo da Paróquia de Santana, folhas 8 e 9)
PARTE MODIFICADA DA CASA DE CARIDADE ONDE A MESMA COMUNICAVA-SE COM A IGREJA SÃO JOÃO
O livro o Município de Santana assim descreve a referida Igreja:
“(...). A Egreja foi obra da dedicação do Padre João Francisco dias Nogueira; a construção custou-lhe cerca de seis contos de reis! O frontispício que alli vemos, com quanto elegante, não excede em belleza ao que por elle fora modelado. Despedaçado o primeiro por um raio em 1880, a comissão de socorros fez levantar-lhe aquelle: o seu interior de forma agradável, tem o asseio necessário e a descencia indispensável.” (O Município de sant’Anna, página 194, 1º parágrafo)
“Do campo da egreja, onde por uma grade se separa a capella mor, destinada para o altar, seguem por um e outro lado dois corredores que vão ter a uma saleta no fundo que serve de sachristia; e por cima desta, além do côro principal no logar competente, corre um corêto que dá passagem para quatro tribunas da dita capella.” (O Município de sant’Anna, página 194, 2º parágrafo)
Os dois bairros, ligados pela ponte que permitia travessia, em tempo de cheia do rio, sobre a Lagoa da Caridade, tinham como marcos de distinção a Igreja de São João e a Matriz de Santa Ana.
IGREJA DE SÃO: AO LADO UMA DAS PRIMEIRAS PARTES MODIFICADAS DA CASA DE CARIDADE DO PADRE IBIAPINA
Tal igreja foi erigida pelo padre João Francisco Dias Nogueira, coadjutor do Vigário Padre Francisco Xavier Nogueira seu sobrinho. Tal fato encontra-se narrado no primeiro livro de tombo da Paróquia, bem como a transcrição de uma resolução do governo da Província do Ceará permitindo ao Padre fundador da Capela sepultura na mesma:
À 15 de janeiro de 1859 – o Reverendo coadjutor Padre João Francisco Dias Nogueira assentaria a primeira pedra da Igreja consagrada ao Glorioso São João Baptista, e no dia 15 de junho de 1860 pelas sete horas da manhã, procedeo o reverendo Vigário a benção da dita Igreja com todas as solemnidades e prescrições do Ritual Romano, e no meio de um concurso numeroso de povo, tendo a esse mesmo dia principio as novenas, e no dia 24 a festa, que se celebrou, com solemnidade, ainda n’este lugar não praticada; contudo detalhadamente consta do livro, que nos legou o Reverendo fundador. E, porque os serviços prestados pelo reverendo Dias Nogueira, n’esta edificação, forão relevantes e dignos do maior mericimento, a Assembléa Provincial lhe deo a devida apreciação, e consagrou ao fundador uma grata memória na resolução seguinte:
O Bacharel José Bento da Cunha Figueiredo Junior, Cavalheiro da Ordem de Christo, e prezidente da província do Ceará. Faço saber a todos os seos habitantes, que a Assemblea Legislativa Provincial decretou, e eu sanccionei a resolução seguinte.
Artigo Único. É permitido o direito de sepultura perpetua, obtida a licença do ordinário, ao padre João Francisco Dias Nogueira, na capella de São João Baptista, erecta na Freguezia de Sant’Anna do Acaracú, da qual foi elle fundador: revogadas as disposições em contrário.
Mando portanto à todas as autoridades, a quem o conhecimento e execução da prezente resolução pertencer, que a cumprão e a fação cumprir, tão inteiramente, como n’ella se contem. O Secretário da Provincia a faça imprimir, publicar e correr. Palácio do Governo do Ceará aos 21 de Novembro de 1862. O Secretário da Provincia Sisval Odorico de Moura – registrada no livro competente – Secretaria do Governo do Ceará aos 21 de Novembro de 1862 - Estevão Sabino de Moura.
(Primeiro Livro de Tombo da Paróquia de Santana, folhas 8 e 9)
PARTE MODIFICADA DA CASA DE CARIDADE ONDE A MESMA COMUNICAVA-SE COM A IGREJA SÃO JOÃO
O livro o Município de Santana assim descreve a referida Igreja:
“(...). A Egreja foi obra da dedicação do Padre João Francisco dias Nogueira; a construção custou-lhe cerca de seis contos de reis! O frontispício que alli vemos, com quanto elegante, não excede em belleza ao que por elle fora modelado. Despedaçado o primeiro por um raio em 1880, a comissão de socorros fez levantar-lhe aquelle: o seu interior de forma agradável, tem o asseio necessário e a descencia indispensável.” (O Município de sant’Anna, página 194, 1º parágrafo)
“Do campo da egreja, onde por uma grade se separa a capella mor, destinada para o altar, seguem por um e outro lado dois corredores que vão ter a uma saleta no fundo que serve de sachristia; e por cima desta, além do côro principal no logar competente, corre um corêto que dá passagem para quatro tribunas da dita capella.” (O Município de sant’Anna, página 194, 2º parágrafo)
A CAPELA DE SANTANA DO OLHO D’ÁGUA E ALMAS
IGREJA MATRIZ DE SANTANA DO ACARAÚ APÓS A REFORMA E A RESTAURAÇÃO FEITA NO PAROQUIATO DE PADRE AGNALDO TEMÓTEO DA SILVEIRA
O mito fundador da cidade fala da promessa de Frei Cristóvão de Lisboa feita a Santa Ana em gratidão por ter escapado, no Serrote das Rolas, da perseguição de índios Tapuias quando vinha de São Luís do maranhão em viagem missionária iniciada em Maio de 1626.
Prometeu o Frade construir ali um local de veneração à Santa. Contudo tal promessa só foi cumprida anos mais tarde pelo padre escrivão do Cura da Caiçara: Antônio dos Santos da Silveira em 1739 em local bem distante daquele pensado pelo Frade, embora tal local ficasse dentro dos limites das terras que o referido Padre comprou do Coronel Sebastião de Sá e de seu irmão Antônio de Sá Barroso de quem era amigo particular conforme vemos neste trecho do livro O Município de Sant’Anna:
¹ Em vista, pois, de taes disposições animarão-se os seus amigos à lhe offerecerem as suas terras e Fasendas do sertão, que elle finalmente comprou do mesmo modo porque se achão<< extremadas>> desde tal..no citado capítulo; sendo uma legoa denominada Olho d’agua, ao Coronel Sebastião e sua Mulher D. Cosma Ribeiro da França, por escritura passada pelo Tabelião – Manoel dos Santos Fradique, no dia 1 de Desembro de 1735; e meia legoa ao Sargento – mor Antonio de Sá Barroso e sua mulher Ignez de Araújo e Vasconcellos, cuja escriptura só teve logar a 21 de Fevereiro de 1747, no Cartorio do Tabelião José de Chaves Furna. Compradas estas terras, o Padre Silveira incorporou-as, denominando-as do Olho d’agua; sitiou-se na antiga posse do Sargento – mor Antonio de Sá Barroso, no logar chamado de Curral Velho, onde se acha edificada esta cidade.
IGREJA MATRIZ AINDA SEM OS BRAÇOS LATERAIS
Começavão, como sabemos, essas, do Pau ferrado e testadas do sitio Pedras de Fogo, então propriedade do Capitão Matheu Conde de Almada, seguindo o Rio Acaraú acima até alem do Serrote da Rola, por indicação de Jeronymo de Albuquerque, que assim denominou em 1735, na petição, em que requerêo a data, hoje conhecida por Sipoal, que d’alli começa, a partir do Olho d’agua chamado do Ferreiro, situado do outro lado e ao Sul do mesmo serrote.
(O Município de Sant’Anna, pág. 46 parágrafos 5 e 6)
Para a construção da capela o reverendo Padre Silveira convocou alguns amigos para planejar com ele como e onde se daria a construção da Capela:
O Sitio em que se tinha estabelecido compunha-se de um território desigual aqui e alli eriçado de saliências, sobrepostas a uma camada, misto de terra argilosa e pedra quebradiça, um pouco elevadas em relação ao ponto em que se achava a casa da Fasenda.
Elle, pois, escolheu uma dessas elevações, preferindo a que lhe ficava ao poente, a 20 braças pouco mais ou menos da sua residência, e destinou-a para a situação da Capella, que se propunha a erigir.
O acto era de summa importância, e não devia passar despercebido: Assim, para dar-lhe uma certa solemnidade, elle, três dias antes, convidara para assisti-lo o Coronel Sebastião, Sargento – mor Antonio de Sá Barrroso, Capitão Fonteles(segundo Sadoc de Araújo, trata-se de Manuel Ferreira Fonteles que o mesmo intitula de o “Adão do Vale do Acaraú”), Claudio de Sá e Amaral e Antonio Coelho de Albuquerque, proprietários na vizinhança, que se apresentarão no dia aprazado.
Faltavão artistas; e n’ausencia destes cada um dos convidados emitio a sua opinião; e depois de longa discussão, o plano da obra foi traçado da forma e proporções seguintes: - Vinte e cinco palmos de largura sobre trinta e cinco de fundo, com trinta de altura nas empenas; duas portas, sendo uma lateral, frente para o Noroeste e construção de taipa>>
(O Município de sant’Anna, página 68, parágrafos de 7 a 10)
A construção da capela teve início em nove de Novembro de 1738, tendo índios escravos de Antônio Coelho de Albuquerque como pedreiros, concluída em 31 de Julho de 1739 e a primeira Missa celebrada no dia 10 de agosto do mesmo ano. (O Município de sant’Anna página 69 e 70)
No primeiro livro de Tombo da Paróquia encontra-se transcrita pelo Padre Francisco Xavier Nogueira uma descrição da estrutura da primitiva Capela de Sant’Anna:
De um manuscripto, que nos legou o Reverendo Padre João Ribeiro Pessôa, cura da freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Caiçara, encontramos a descripção da fundação da Capella dedicada à Nossa Senhora Santa Anna, da maneira seguinte: -
“A Capella de Nossa Senhora Sant’Anna, quinta da Fregresia de Nossa Senhora da Conceição da Caicára, foi erecta no anno de 1738, por provisão do Reverendo Cura Vigário da Vara Padre Elias Pinto de Asevedo, por ordem do ilustríssimo e Reverendíssimo Dom José Fialho, Bispo de Olinda, como se vê no princípio do livro desta Capella.
Esta fica situada, no Rio Acaracú, para parte do sul seis léguas abaixo da Matriz, em meia légua de terra, doada pelo Padre Antônio dos Santos da Silveira, com cincoenta vacas e um touro, para patrimônio da mesma Capella, como se vê de uma escriptura , que se acha inserta no dito livro à folhas; e porque o tal patrimônio não estava julgado por titulo canônico, agora o julgou n’esta visita o muito Reverendo Doutor José Pereira d’Asevedo, como se vê de sua sentença de folhas 14 do dito livro.
É tradição, que a primitiva Capella era de pequena dimensão, constando, apenas, das paredes do arco do cruzeiro para cima, com um altar de madeira, onde estava collocado o Orágo, e lhe erão annexas, tão bem, pela parte oriental, as paredes de um telheiro, que servia de sacristia, e nada mais.
Já se havia passado um século, que a devoção à gloriosa Sant’Anna, se tinha innoculado nos corações dos habitantes do pequeno povoado deste ----------------------já a -------------da capella as necessidades do culto e a afluência dos fiéis, o procurador do patrimônio José Ferreira da Costa emprehendeo alguns trabalhos, e com a coadjuvação dos povos, e com os rendimentos existentes conseguio em 1838, ampliar mais a primitiva capella, pelo lado inferior com cerca de vinte palmos, destinada para o throno; e do arco do cruseiro para diante edificou as paredes do corpo da Igreja, com um corredor marginal, pelo lado oriental, obra, que, não obstante a solidez, e fortaleza da construcção, ressentio-se dos defeitos de freguesia altura e de não ter a capella mor sahida pelo lado ocidental. Fabricarão – se mais dois alteres lateraes, além do altar – mor, más não tinhão elles ornato algum, que os destinguisse, e nem imagens collocadas.”
(Primeiro Livro de Tombo da Paróquia de Sant’Anna, folha 1, 1879).
Foi nos arredores desta capela que nasceu a cidade. Da sua administração surgiram as organizações sociais que foram o gérmen das máquinas política e administrativa que temos hoje bem como o berço onde gerações de homens ilustres tornaram-se hábeis na arte de administrar e organizar-se.
Criada a vila de Acaraú, embora desligada a Freguesia de Santana da do Acaraú, os homens detentores do poder nesta última sentiram-se inconformados com a submissão à Villa do Acaraú e a sucessão de fatos administrativos da Capela de Santana tornou-se o bojo para a criação da Vila de Santana como bem descreve o autor de O município de Santana na segunda parte deste.
Pelo que podemos concluir da leitura desta parte, Santana não nasceu do acaso da construção de casarões e casas simples de devotos da padroeira no entorno de sua Capela, mas do planejamento deliberado dos que possuíam algum poder para livrar-se da submissão à Vila do Acaraú.
O mito fundador da cidade fala da promessa de Frei Cristóvão de Lisboa feita a Santa Ana em gratidão por ter escapado, no Serrote das Rolas, da perseguição de índios Tapuias quando vinha de São Luís do maranhão em viagem missionária iniciada em Maio de 1626.
Prometeu o Frade construir ali um local de veneração à Santa. Contudo tal promessa só foi cumprida anos mais tarde pelo padre escrivão do Cura da Caiçara: Antônio dos Santos da Silveira em 1739 em local bem distante daquele pensado pelo Frade, embora tal local ficasse dentro dos limites das terras que o referido Padre comprou do Coronel Sebastião de Sá e de seu irmão Antônio de Sá Barroso de quem era amigo particular conforme vemos neste trecho do livro O Município de Sant’Anna:
¹ Em vista, pois, de taes disposições animarão-se os seus amigos à lhe offerecerem as suas terras e Fasendas do sertão, que elle finalmente comprou do mesmo modo porque se achão<< extremadas>> desde tal..no citado capítulo; sendo uma legoa denominada Olho d’agua, ao Coronel Sebastião e sua Mulher D. Cosma Ribeiro da França, por escritura passada pelo Tabelião – Manoel dos Santos Fradique, no dia 1 de Desembro de 1735; e meia legoa ao Sargento – mor Antonio de Sá Barroso e sua mulher Ignez de Araújo e Vasconcellos, cuja escriptura só teve logar a 21 de Fevereiro de 1747, no Cartorio do Tabelião José de Chaves Furna. Compradas estas terras, o Padre Silveira incorporou-as, denominando-as do Olho d’agua; sitiou-se na antiga posse do Sargento – mor Antonio de Sá Barroso, no logar chamado de Curral Velho, onde se acha edificada esta cidade.
IGREJA MATRIZ AINDA SEM OS BRAÇOS LATERAIS
Começavão, como sabemos, essas, do Pau ferrado e testadas do sitio Pedras de Fogo, então propriedade do Capitão Matheu Conde de Almada, seguindo o Rio Acaraú acima até alem do Serrote da Rola, por indicação de Jeronymo de Albuquerque, que assim denominou em 1735, na petição, em que requerêo a data, hoje conhecida por Sipoal, que d’alli começa, a partir do Olho d’agua chamado do Ferreiro, situado do outro lado e ao Sul do mesmo serrote.
(O Município de Sant’Anna, pág. 46 parágrafos 5 e 6)
Para a construção da capela o reverendo Padre Silveira convocou alguns amigos para planejar com ele como e onde se daria a construção da Capela:
O Sitio em que se tinha estabelecido compunha-se de um território desigual aqui e alli eriçado de saliências, sobrepostas a uma camada, misto de terra argilosa e pedra quebradiça, um pouco elevadas em relação ao ponto em que se achava a casa da Fasenda.
Elle, pois, escolheu uma dessas elevações, preferindo a que lhe ficava ao poente, a 20 braças pouco mais ou menos da sua residência, e destinou-a para a situação da Capella, que se propunha a erigir.
O acto era de summa importância, e não devia passar despercebido: Assim, para dar-lhe uma certa solemnidade, elle, três dias antes, convidara para assisti-lo o Coronel Sebastião, Sargento – mor Antonio de Sá Barrroso, Capitão Fonteles(segundo Sadoc de Araújo, trata-se de Manuel Ferreira Fonteles que o mesmo intitula de o “Adão do Vale do Acaraú”), Claudio de Sá e Amaral e Antonio Coelho de Albuquerque, proprietários na vizinhança, que se apresentarão no dia aprazado.
Faltavão artistas; e n’ausencia destes cada um dos convidados emitio a sua opinião; e depois de longa discussão, o plano da obra foi traçado da forma e proporções seguintes: - Vinte e cinco palmos de largura sobre trinta e cinco de fundo, com trinta de altura nas empenas; duas portas, sendo uma lateral, frente para o Noroeste e construção de taipa>>
(O Município de sant’Anna, página 68, parágrafos de 7 a 10)
A construção da capela teve início em nove de Novembro de 1738, tendo índios escravos de Antônio Coelho de Albuquerque como pedreiros, concluída em 31 de Julho de 1739 e a primeira Missa celebrada no dia 10 de agosto do mesmo ano. (O Município de sant’Anna página 69 e 70)
No primeiro livro de Tombo da Paróquia encontra-se transcrita pelo Padre Francisco Xavier Nogueira uma descrição da estrutura da primitiva Capela de Sant’Anna:
De um manuscripto, que nos legou o Reverendo Padre João Ribeiro Pessôa, cura da freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Caiçara, encontramos a descripção da fundação da Capella dedicada à Nossa Senhora Santa Anna, da maneira seguinte: -
“A Capella de Nossa Senhora Sant’Anna, quinta da Fregresia de Nossa Senhora da Conceição da Caicára, foi erecta no anno de 1738, por provisão do Reverendo Cura Vigário da Vara Padre Elias Pinto de Asevedo, por ordem do ilustríssimo e Reverendíssimo Dom José Fialho, Bispo de Olinda, como se vê no princípio do livro desta Capella.
Esta fica situada, no Rio Acaracú, para parte do sul seis léguas abaixo da Matriz, em meia légua de terra, doada pelo Padre Antônio dos Santos da Silveira, com cincoenta vacas e um touro, para patrimônio da mesma Capella, como se vê de uma escriptura , que se acha inserta no dito livro à folhas; e porque o tal patrimônio não estava julgado por titulo canônico, agora o julgou n’esta visita o muito Reverendo Doutor José Pereira d’Asevedo, como se vê de sua sentença de folhas 14 do dito livro.
É tradição, que a primitiva Capella era de pequena dimensão, constando, apenas, das paredes do arco do cruzeiro para cima, com um altar de madeira, onde estava collocado o Orágo, e lhe erão annexas, tão bem, pela parte oriental, as paredes de um telheiro, que servia de sacristia, e nada mais.
Já se havia passado um século, que a devoção à gloriosa Sant’Anna, se tinha innoculado nos corações dos habitantes do pequeno povoado deste ----------------------já a -------------da capella as necessidades do culto e a afluência dos fiéis, o procurador do patrimônio José Ferreira da Costa emprehendeo alguns trabalhos, e com a coadjuvação dos povos, e com os rendimentos existentes conseguio em 1838, ampliar mais a primitiva capella, pelo lado inferior com cerca de vinte palmos, destinada para o throno; e do arco do cruseiro para diante edificou as paredes do corpo da Igreja, com um corredor marginal, pelo lado oriental, obra, que, não obstante a solidez, e fortaleza da construcção, ressentio-se dos defeitos de freguesia altura e de não ter a capella mor sahida pelo lado ocidental. Fabricarão – se mais dois alteres lateraes, além do altar – mor, más não tinhão elles ornato algum, que os destinguisse, e nem imagens collocadas.”
(Primeiro Livro de Tombo da Paróquia de Sant’Anna, folha 1, 1879).
Foi nos arredores desta capela que nasceu a cidade. Da sua administração surgiram as organizações sociais que foram o gérmen das máquinas política e administrativa que temos hoje bem como o berço onde gerações de homens ilustres tornaram-se hábeis na arte de administrar e organizar-se.
Criada a vila de Acaraú, embora desligada a Freguesia de Santana da do Acaraú, os homens detentores do poder nesta última sentiram-se inconformados com a submissão à Villa do Acaraú e a sucessão de fatos administrativos da Capela de Santana tornou-se o bojo para a criação da Vila de Santana como bem descreve o autor de O município de Santana na segunda parte deste.
Pelo que podemos concluir da leitura desta parte, Santana não nasceu do acaso da construção de casarões e casas simples de devotos da padroeira no entorno de sua Capela, mas do planejamento deliberado dos que possuíam algum poder para livrar-se da submissão à Vila do Acaraú.
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
CONHECENDO O MEMORIAL DA PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA SANT'ANA
Organizado durante todo o ano de 2006 e aberto à vistação pública desde o dia 17 de Julho de 2007, o Memorial da Paróquia de Nossa Senhora Sant'Ana tem seu acervo disposto em três salas e organizado de maneira a contar ao visitante a história religiosa da cidade da qual nasceu a do Município.
A primeira sala é a que dispõem de peças que contam esta história em diversas fases. Visite-a conosco:
NESTA FOTO: ALTAR DA PRIMEIRA MISSA DE SANTANA, ANTIGO SINO DA CASA DE CARIDADE, CARRILHÃO(CONJUNTO DE TRÊS CAMPÂNULAS TOCADAS QUANDO O PADRE SUBIA AO PRESBITÉRIO E FOTOS DA GALERIA DO CONGRESSO EUCARÍSTICO DE 1948)
FOTO 2: GALERIA DE FOTOS DOS PÁROCOS DE SANTANA
A primeira sala é a que dispõem de peças que contam esta história em diversas fases. Visite-a conosco:
NESTA FOTO: ALTAR DA PRIMEIRA MISSA DE SANTANA, ANTIGO SINO DA CASA DE CARIDADE, CARRILHÃO(CONJUNTO DE TRÊS CAMPÂNULAS TOCADAS QUANDO O PADRE SUBIA AO PRESBITÉRIO E FOTOS DA GALERIA DO CONGRESSO EUCARÍSTICO DE 1948)
FOTO 2: GALERIA DE FOTOS DOS PÁROCOS DE SANTANA
CURSO DE GESTÃO E DOCUMENTAÇÃO DE ACERVOS
Nos dia 29 e 30 de Novembro tivemos a abençoada oportunidade de participar do curso "Gestão e Documentação de Acervos" promovido pelo Museu Dom José em parceria com a SECULT, especificamente através do SEM (Sitema Estadual de Museus) e ministrado pela doutora em Museologia Graciele Siqueira.
Neste, os temas abordados de maneira muito didática nos permitiram a compreensão de como organizar e documentar o acervo de nosso Memorial da Paróquia de Nossa Senhora Sant'Ana bem como nos despertaram para a realidade urgente da sensibilização do povo santanense para a importância deste aparelho cultural sem a qual tal processo será inviável.
O curso nos deu uma nova visão que nos permitiu enxergar que a estrada do município de Santana do acaraú ainda é longa quanto a incorporar, em suas atividades de lazer e vivência cultural, um museu.
A partir dos momentos vivenciados no curso começamos a catalogar as peças que são propriedade da paróquia, documentando seus diversos aspectos que futuramente nos permitirão dar contornos mais precisos a identidade de nosso pequeno Museu: arte sacra? Museu de arte? etc.
A segunda etapa, conforme a adesão do cidadão santanense a esta novidade, será a catalogação de peças doadas por pessoas de nossa cidade.
Neste, os temas abordados de maneira muito didática nos permitiram a compreensão de como organizar e documentar o acervo de nosso Memorial da Paróquia de Nossa Senhora Sant'Ana bem como nos despertaram para a realidade urgente da sensibilização do povo santanense para a importância deste aparelho cultural sem a qual tal processo será inviável.
O curso nos deu uma nova visão que nos permitiu enxergar que a estrada do município de Santana do acaraú ainda é longa quanto a incorporar, em suas atividades de lazer e vivência cultural, um museu.
A partir dos momentos vivenciados no curso começamos a catalogar as peças que são propriedade da paróquia, documentando seus diversos aspectos que futuramente nos permitirão dar contornos mais precisos a identidade de nosso pequeno Museu: arte sacra? Museu de arte? etc.
A segunda etapa, conforme a adesão do cidadão santanense a esta novidade, será a catalogação de peças doadas por pessoas de nossa cidade.
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
GRUPO DE AMIGOS DO MEMORIAL - GRAM
Com o intuito de mobilizar a sociedade santanense para abraçar a causa da preservação do patrimônio de sua cidade através de momentos onde os cidadãos conheçam sua identidade, história e patrimônio, o Memorial da Paróquia de Nossa Senhora Santana criou o GRUPO DE AMIGOS DO MEMORIAL DA PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA SANT'ANNA (GRAM).
Saiba mais sobre este grupo
GRUPO DE AMIGOS DO MEMORIAL DA PARÓQUIA DE SENHORA SANTANA
I – O QUE É O GRUPO DE AMIGOS DO MEMORIAL?
O Grupo de Amigos do memorial deseja ser um grupo que reúna em si pessoas de Santana do Acaraú que realizem trabalhos de preservação de nossa história e cultura e que se co – responsabilizem e se unam pela causa da preservação do patrimônio histórico, natural e cultural de nossa cidade.
Pessoas e que doaram, doarão e/ou emprestarão em regime de comodato peças ao Memorial.
Também devem e podem estar neste grupo professores e estudantes universitários das áreas de: História, Geografia, Sociologia, Filosofia e Artes que se identifiquem e se interessem pela causa.
II – OBJETIVOS DO GRUPO
a) Proporcionar aos membros conhecer os trabalhos uns dos outros e a identificação mútua pela causa do conhecimento e preservação do patrimônio natural, histórico e cultural de nossa cidade.
O conhecimento mútuo dos trabalhos bem como a comum identificação com a causa da preservação deve propiciar uma maior mobilização social.
b) Construir uma relação (inventário) do que Santana do Acaraú tem como bens naturais, história e cultura.
Tal relação não pode ser construída por um só indivíduo, deve ser fruto deste grupo, pois, só a partir desta é que saberemos o que temos e vamos preservar.
c) Conhecer, preservar e divulgar o Memorial da Paróquia de Nossa Senhora Sant’Anna.
d) Colaborar para o aumento do acervo do referido Memorial seja por doações, empréstimos ou comodatos.
e) Incentivar os santanenses a doarem e/ou emprestarem peças (imagens, jornais antigos, utensílios domésticos e mobília antiga, documentos, etc.) que enriqueçam o acervo do Memorial.
f) Fiscalizar os trabalhos da equipe dirigente do Memorial: catalogação de peças, conservação de peças e dependências, registros do livro de tombo, qualidade e periodicidade do funcionamento, livro de ponto, dentre outros.
g) Vigiar sobre os bens listados na relação dos bens do patrimônio natural, histórico e cultural da cidade, organizando ações conjuntas de denúncia de agressões a estes bens.
h) Promover ações para a educação patrimonial: city tours, exposições, vistas guiadas ao memorial onde o membro conte suas memórias através das peças do Memorial, etc.
III – COMO FUNCIONA O GRAM?
Através de reuniões mensais, sempre na última quarta-feira de cada mês as 15 e 30 horas e posteriormente, se o grupo decidir em comum acordo por uma alteração, em data e horário escolhido para o benefício da maioria.
Os temas das reuniões serão sempre os seguintes:
• Criação pelo grupo da lista de bens (inventário) do patrimônio natural, histórico e cultural do município. (tal trabalho foi iniciado na segunda reunião do grupo)
• Memorial da Paróquia de Senhora Santana: definição, objetivos e constante campanha de incremento do acervo do mesmo. (exposição feita na primeira reunião)
• Partilha de notícias sobre ações de agressão contra os bens de nossos patrimônios municipais (natural, histórico e cultural), bem como notícias sobre ações de conservação.
• Planejamento de ações para denunciar agressões e promover a conservação dos bens dos patrimônios citados acima.
• Exposição dos trabalhos de cada membro e momentos para contar histórias e memórias que serão registradas para posterior divulgação com a devida autorização.
• Prestação de contas da equipe diretora do Memorial sobre aquisição, catalogação e conservação de peças, funcionamento, conservação e segurança das dependências do Memorial.
Saiba mais sobre este grupo
GRUPO DE AMIGOS DO MEMORIAL DA PARÓQUIA DE SENHORA SANTANA
I – O QUE É O GRUPO DE AMIGOS DO MEMORIAL?
O Grupo de Amigos do memorial deseja ser um grupo que reúna em si pessoas de Santana do Acaraú que realizem trabalhos de preservação de nossa história e cultura e que se co – responsabilizem e se unam pela causa da preservação do patrimônio histórico, natural e cultural de nossa cidade.
Pessoas e que doaram, doarão e/ou emprestarão em regime de comodato peças ao Memorial.
Também devem e podem estar neste grupo professores e estudantes universitários das áreas de: História, Geografia, Sociologia, Filosofia e Artes que se identifiquem e se interessem pela causa.
II – OBJETIVOS DO GRUPO
a) Proporcionar aos membros conhecer os trabalhos uns dos outros e a identificação mútua pela causa do conhecimento e preservação do patrimônio natural, histórico e cultural de nossa cidade.
O conhecimento mútuo dos trabalhos bem como a comum identificação com a causa da preservação deve propiciar uma maior mobilização social.
b) Construir uma relação (inventário) do que Santana do Acaraú tem como bens naturais, história e cultura.
Tal relação não pode ser construída por um só indivíduo, deve ser fruto deste grupo, pois, só a partir desta é que saberemos o que temos e vamos preservar.
c) Conhecer, preservar e divulgar o Memorial da Paróquia de Nossa Senhora Sant’Anna.
d) Colaborar para o aumento do acervo do referido Memorial seja por doações, empréstimos ou comodatos.
e) Incentivar os santanenses a doarem e/ou emprestarem peças (imagens, jornais antigos, utensílios domésticos e mobília antiga, documentos, etc.) que enriqueçam o acervo do Memorial.
f) Fiscalizar os trabalhos da equipe dirigente do Memorial: catalogação de peças, conservação de peças e dependências, registros do livro de tombo, qualidade e periodicidade do funcionamento, livro de ponto, dentre outros.
g) Vigiar sobre os bens listados na relação dos bens do patrimônio natural, histórico e cultural da cidade, organizando ações conjuntas de denúncia de agressões a estes bens.
h) Promover ações para a educação patrimonial: city tours, exposições, vistas guiadas ao memorial onde o membro conte suas memórias através das peças do Memorial, etc.
III – COMO FUNCIONA O GRAM?
Através de reuniões mensais, sempre na última quarta-feira de cada mês as 15 e 30 horas e posteriormente, se o grupo decidir em comum acordo por uma alteração, em data e horário escolhido para o benefício da maioria.
Os temas das reuniões serão sempre os seguintes:
• Criação pelo grupo da lista de bens (inventário) do patrimônio natural, histórico e cultural do município. (tal trabalho foi iniciado na segunda reunião do grupo)
• Memorial da Paróquia de Senhora Santana: definição, objetivos e constante campanha de incremento do acervo do mesmo. (exposição feita na primeira reunião)
• Partilha de notícias sobre ações de agressão contra os bens de nossos patrimônios municipais (natural, histórico e cultural), bem como notícias sobre ações de conservação.
• Planejamento de ações para denunciar agressões e promover a conservação dos bens dos patrimônios citados acima.
• Exposição dos trabalhos de cada membro e momentos para contar histórias e memórias que serão registradas para posterior divulgação com a devida autorização.
• Prestação de contas da equipe diretora do Memorial sobre aquisição, catalogação e conservação de peças, funcionamento, conservação e segurança das dependências do Memorial.
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
PADRE AGNALDO VISITA O MEMORIAL DA PARÓQUIA DE SENHORA SANTANA
Desde sua ida à Roma, para la especializar-se em direito Canônico, Padre Agnaldo Temóteo da Silveira regressa em suas férias à Santana, terra que tem como sua, uma vez que foi sua primeira paróquia de fato e de direito e onde tem númerosos irmãos e amigos na fé.
Neste ano tivemos a graça de ter nosso fundador visitando o Memorial da Paróquia de Senhora Santana,a exemplo do bom Senhor da Vinha que volta para ver a árvore que cultivara e os frutos que tem produzido para o bem comum.
Sua visita foi momento onde saciou a sede de uma saudade que, lá nas terras da cidade eterna, ardia-lhe no coração e um momento de reavivar a memória de uma terra que tem como segunda casa (uma vez que é um Belacruzense patriota).
Durante sua visita pode ver, constando na galeria dos Párocos, o retrato do padre Theótime, conheceu a réplica que fizemos do retrato do Senador João Cordeiro e algumas peças novas que o meorial recebeu como generosas doações.
Sugeriu que nos empenhássemos em adquirir novas peças embora nosso espaço ainda não fosse suficiente para o volume destas e que levássemos adiante o intento de aproximar as esolas do município do Memorial.
Ao reverendo Padre, nossa filial gratidão, o desejo de um breve retorno á casa e o pedido de orações para que Deus nos abençoe em nossa árdua tarefa de resgatar, preservar e manter viva nossa história.
Neste ano tivemos a graça de ter nosso fundador visitando o Memorial da Paróquia de Senhora Santana,a exemplo do bom Senhor da Vinha que volta para ver a árvore que cultivara e os frutos que tem produzido para o bem comum.
Sua visita foi momento onde saciou a sede de uma saudade que, lá nas terras da cidade eterna, ardia-lhe no coração e um momento de reavivar a memória de uma terra que tem como segunda casa (uma vez que é um Belacruzense patriota).
Durante sua visita pode ver, constando na galeria dos Párocos, o retrato do padre Theótime, conheceu a réplica que fizemos do retrato do Senador João Cordeiro e algumas peças novas que o meorial recebeu como generosas doações.
Sugeriu que nos empenhássemos em adquirir novas peças embora nosso espaço ainda não fosse suficiente para o volume destas e que levássemos adiante o intento de aproximar as esolas do município do Memorial.
Ao reverendo Padre, nossa filial gratidão, o desejo de um breve retorno á casa e o pedido de orações para que Deus nos abençoe em nossa árdua tarefa de resgatar, preservar e manter viva nossa história.
domingo, 15 de agosto de 2010
SOBRE UM MOVIMENTO PELA PRESERVAÇÃO
De onde virá o desejo que o ser humano tem de ver perpetuada sua memória? O que explica o desejo que este ser tem de conhecer suas raízes e sua identidade?
Em minha filosofia livre de normas acadêmicas acredito que a resposta está natureza mais profunda do ser humano: o amor no seu mais amplo sentido!
Contudo, neste cismar filosófico, cabe uma pergunta: hoje em dia não estará este desejo sendo apagado e calado? Haverá espaço no sistema capitalista para uma identidade que não seja aquela do consumismo?
Tal cismar nasceu em nosso coração quando recebemos nos meses de Junho e de Julho as visitas de ilustres filhos da Cidade do Acaraú e de uma filha ilustre de Morrinhos.Estas pessoas foram para mim o sinal de um fenômeno que passa despercebido aos olhos da grande massa mecanizada, ocupada em fazer girar a grande roda do produzir - consumir - produzir - consumir.... até que a morte chegue!
Na Zona Norte do Vale do Acaraú encontramos pessoas muito preocupadas com a preservação da memória e da História de seu povo e cidades que abriram Memoriais com este fim e até a publicação de livros que contam a história das cidades.
A primeira visita que recebi foi do Senhor Totó Rios, um acarauense apaixonado pela história de sua cidade e que tem um projeto de criar um memorial Virtual para contar a história das cidades do médio e do baixo vales do Acaraú através de fotos.
Em Julho recebemos a visita de Dona Guilhermina Braga, incumbida pelo pároco de Morrinhos Padre Jacó Sindharta de conseguir conosco uma cópia da foto do Reverendo Padre Arakén da Frota para fazer parte de uma galeria que estará em Memorial que a Paróquia pretende abrir.
Também nos deram o prazer de sua visita Maria Iranir Araújo, Acarauense conhecedora de suas raízes e de sua história.Soubemos por ela da situação de perseguição e incompreensão que sofre o pioneiro, nesta nossa região do médio e do baixo Acaraú na criação de espaço para a preservação da Memória: O Senhor José de Fátima. Segundo os mesmos muitas das peças colecionadas por este senhor ao longo de muitos anos foram roubadas ou extraviadas uma vez que estavam em espaço aberto pela Prefeitura de Itarema que pouco ou quase nunca cuida de tal espaço!
Em passagem por Bela Cruz anos atrás, vimos na fachada de um Casarão antigo uma placa que indicava que ali também havia um Memorial. Esperamos o mesmo abrir em seu turno da tarde contudo isto não ocorreu, fato que nos frustou a expectativa de conhecê-lo!
No ano passado fomos presenteados com a Publicação do Livro: Morrinhos sua história e sua gente do casal João Leonardo Silveira e Maria Luzia Rocha Silveira. O livro, de linguagem bem acessível, conta a história de Morrinhos desde seus remotos primórdios!
Tais exemplos nos mostram uma verdade: apeasar de envoltos ainda em espeesa névoa de desconhecimento de sua história os cidadãos da parte baixa do Acaraú querem conhecer suas raízes e a região mostra ter um grande potencial para o turismo histórico e Arquitetônico.
Acredito que tal fenômeno ganhará mais força se os autores das iniciativas que citamos unirem-se em torno deste ideal comum: o conhecimento da memória e da história como caminho de crescimento da autonomia e da cidadania.
Em minha filosofia livre de normas acadêmicas acredito que a resposta está natureza mais profunda do ser humano: o amor no seu mais amplo sentido!
Contudo, neste cismar filosófico, cabe uma pergunta: hoje em dia não estará este desejo sendo apagado e calado? Haverá espaço no sistema capitalista para uma identidade que não seja aquela do consumismo?
Tal cismar nasceu em nosso coração quando recebemos nos meses de Junho e de Julho as visitas de ilustres filhos da Cidade do Acaraú e de uma filha ilustre de Morrinhos.Estas pessoas foram para mim o sinal de um fenômeno que passa despercebido aos olhos da grande massa mecanizada, ocupada em fazer girar a grande roda do produzir - consumir - produzir - consumir.... até que a morte chegue!
Na Zona Norte do Vale do Acaraú encontramos pessoas muito preocupadas com a preservação da memória e da História de seu povo e cidades que abriram Memoriais com este fim e até a publicação de livros que contam a história das cidades.
A primeira visita que recebi foi do Senhor Totó Rios, um acarauense apaixonado pela história de sua cidade e que tem um projeto de criar um memorial Virtual para contar a história das cidades do médio e do baixo vales do Acaraú através de fotos.
Em Julho recebemos a visita de Dona Guilhermina Braga, incumbida pelo pároco de Morrinhos Padre Jacó Sindharta de conseguir conosco uma cópia da foto do Reverendo Padre Arakén da Frota para fazer parte de uma galeria que estará em Memorial que a Paróquia pretende abrir.
Também nos deram o prazer de sua visita Maria Iranir Araújo, Acarauense conhecedora de suas raízes e de sua história.Soubemos por ela da situação de perseguição e incompreensão que sofre o pioneiro, nesta nossa região do médio e do baixo Acaraú na criação de espaço para a preservação da Memória: O Senhor José de Fátima. Segundo os mesmos muitas das peças colecionadas por este senhor ao longo de muitos anos foram roubadas ou extraviadas uma vez que estavam em espaço aberto pela Prefeitura de Itarema que pouco ou quase nunca cuida de tal espaço!
Em passagem por Bela Cruz anos atrás, vimos na fachada de um Casarão antigo uma placa que indicava que ali também havia um Memorial. Esperamos o mesmo abrir em seu turno da tarde contudo isto não ocorreu, fato que nos frustou a expectativa de conhecê-lo!
No ano passado fomos presenteados com a Publicação do Livro: Morrinhos sua história e sua gente do casal João Leonardo Silveira e Maria Luzia Rocha Silveira. O livro, de linguagem bem acessível, conta a história de Morrinhos desde seus remotos primórdios!
Tais exemplos nos mostram uma verdade: apeasar de envoltos ainda em espeesa névoa de desconhecimento de sua história os cidadãos da parte baixa do Acaraú querem conhecer suas raízes e a região mostra ter um grande potencial para o turismo histórico e Arquitetônico.
Acredito que tal fenômeno ganhará mais força se os autores das iniciativas que citamos unirem-se em torno deste ideal comum: o conhecimento da memória e da história como caminho de crescimento da autonomia e da cidadania.
sábado, 10 de julho de 2010
UM TAL JOÃO CORDEIRO
Andando pelas ruas de Santana, observando seus silenciosos monumentos desprezados, as placas de ruas e os paralelepípedos da João Cordeiro, algumas questões me surgiram: porque Santana tem nomes de ruas de pessoas tão desconhecidas hoje para os santanenses? Porque estes ilustres são tão desconhecidos para as novas gerações?
Calei estas indagações em mim como quem cala o tolo que faz perguntas vãs e incovenientes e segui meu caminho rumo à casa de minha avó que mora na Avenida São João (o mais conhecido dos ilustres com nome de rua).
Contudo, o mencionado pensamento, "em forma de menino incoveniente, insistente e teimoso" me trouxe à memória, como argumento para não desistir da curiosidade de conhecer os ilustres homenageados com nome de rua, o trecho de uma conversa que tive com uma das descendentes de João Cordeiro, que me contou os tantos benefícios que realizara o ancestral.
Persuadido por tão forte argumento fiquei curioso por saber mais sobre este ilustre desconhecido. Pus-me então a caminho.
Primeiro naveguei pela Internet e, no site do Instituto Histórico, Antropológico e Geográfico do Ceará encontrei um artigo que é a transcrição da auto - biografia de João Cordeiro, um dos maiores abolicionistas do Brasil.
Os primeiros parágrafos de sua auto-biografia foram para mim uma grande surpresa:
"Nasceu em 31 de Agosto de 1842, na cidade de Sant'Anna do Acaraú. Filho legítimo de João de Castro Cordeiro e Floriana Angélica da Vera Cruz Cordeiro."
"Nos primeiros annos de sua vida fez o que fazem todos os meninos pobres do sertão.Tomava banho nos rios, andava montado nos carneiros e nos bezerros,corria a cavalo e ia ao roçado buscar milho, feijão e melancias."
"Assim viveu até 11 annos, idade em que foi para uma escola de primeiras letras que frequentou até doze annos."
"Com 13 annos incompletos foi para a cidade de Acaraú, empregado como caixeiro de seu parente Major Francisco Ferreira. (...)"1
O João Cordeiro que eu conhecera de maneira tão indiferente em minhas aulas de história no ensino médio, quando o professor tratava da abolição dos escravos,nasceu em Santana e aqui viveu até os treze quando dela partiu para iniciar sua honrosa carreira de comerciante, político e industrial.
Padre Sadoc, no segundo volume de sua Cronologia Sobralense, afirma que os pais de João Cordeiro casaram-se em 18 de agosto de 1828, indo morar em Santana onde nasceu o Senador João Cordeiro.2
Antônio Bezerra, em seu livro: Notas de Viagem, ao contar o relato de sua passagem por Santana,faz uma referência ao Pai de João Cordeiro:
"Na manhã do dia 10, tendo agradecido ao Sr. Nascimento a generosa hospedagem que me emprestara, abracei o respeitável ancião, pai do cidadão João Cordeiro, o herói do movimento abolicionista, e tornei a Massapê".3
O trecho deste livro nos mostra que os pais de João Cordeiro moraram na sede da cidade e que uma casa histórica importante deve ter sido apagada do mapa arquitetônico da cidade pela louca sanha da modernidade ( ou seria merdonidade?) sem deixar sombra ou lembrança de sua história.
Conhecida a história, ficou em mim o desejo de conhecer o vulto.
A providência veio em meu auxílio quando, visitando o Museu do Ceará, encontrei em uma exposição o retrato do Senador João Cordeiro tendo abaixo uma breve biografia que fazia menção ao seu nascimento em Santana do Acaraú.
Sem nenhum pudor, "saquei" a minha câmera digital e fotografei o retrato do Senador. Graças a esta cópia "proibida" temos hoje no Memorial da Paróquia uma singela reprodução do retrato deste filho ilustre que será agora conhecido, fazendo com que o santanense descubra em sua história motivo de orgulho!
O caminho de descoberta que fiz sobre a vida do Senador João Cordeiro me fez concluir que quando a história se faz mais próxima de quem a estuda ela se torna prazeirosa, fonte de inspiração, de crescimento da auto - estima dos indivíduos e da estima de que um povo tem de si.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1 Apontamentos biográficos de João Cordeiro escritos por ele próprio, Revista do Instituto do Ceará, 1945, disponível em www.institutodoceara.org
2 Araújo, Pe.Francisco Sadoc de; Cronologia Sobralense, Volume II, pág. 200, Imprensa Universitária, Sobral - Ce.
3 Bezerra, Antônio; Notas de Viagem, pág.75
Calei estas indagações em mim como quem cala o tolo que faz perguntas vãs e incovenientes e segui meu caminho rumo à casa de minha avó que mora na Avenida São João (o mais conhecido dos ilustres com nome de rua).
Contudo, o mencionado pensamento, "em forma de menino incoveniente, insistente e teimoso" me trouxe à memória, como argumento para não desistir da curiosidade de conhecer os ilustres homenageados com nome de rua, o trecho de uma conversa que tive com uma das descendentes de João Cordeiro, que me contou os tantos benefícios que realizara o ancestral.
Persuadido por tão forte argumento fiquei curioso por saber mais sobre este ilustre desconhecido. Pus-me então a caminho.
Primeiro naveguei pela Internet e, no site do Instituto Histórico, Antropológico e Geográfico do Ceará encontrei um artigo que é a transcrição da auto - biografia de João Cordeiro, um dos maiores abolicionistas do Brasil.
Os primeiros parágrafos de sua auto-biografia foram para mim uma grande surpresa:
"Nasceu em 31 de Agosto de 1842, na cidade de Sant'Anna do Acaraú. Filho legítimo de João de Castro Cordeiro e Floriana Angélica da Vera Cruz Cordeiro."
"Nos primeiros annos de sua vida fez o que fazem todos os meninos pobres do sertão.Tomava banho nos rios, andava montado nos carneiros e nos bezerros,corria a cavalo e ia ao roçado buscar milho, feijão e melancias."
"Assim viveu até 11 annos, idade em que foi para uma escola de primeiras letras que frequentou até doze annos."
"Com 13 annos incompletos foi para a cidade de Acaraú, empregado como caixeiro de seu parente Major Francisco Ferreira. (...)"1
O João Cordeiro que eu conhecera de maneira tão indiferente em minhas aulas de história no ensino médio, quando o professor tratava da abolição dos escravos,nasceu em Santana e aqui viveu até os treze quando dela partiu para iniciar sua honrosa carreira de comerciante, político e industrial.
Padre Sadoc, no segundo volume de sua Cronologia Sobralense, afirma que os pais de João Cordeiro casaram-se em 18 de agosto de 1828, indo morar em Santana onde nasceu o Senador João Cordeiro.2
Antônio Bezerra, em seu livro: Notas de Viagem, ao contar o relato de sua passagem por Santana,faz uma referência ao Pai de João Cordeiro:
"Na manhã do dia 10, tendo agradecido ao Sr. Nascimento a generosa hospedagem que me emprestara, abracei o respeitável ancião, pai do cidadão João Cordeiro, o herói do movimento abolicionista, e tornei a Massapê".3
O trecho deste livro nos mostra que os pais de João Cordeiro moraram na sede da cidade e que uma casa histórica importante deve ter sido apagada do mapa arquitetônico da cidade pela louca sanha da modernidade ( ou seria merdonidade?) sem deixar sombra ou lembrança de sua história.
Conhecida a história, ficou em mim o desejo de conhecer o vulto.
A providência veio em meu auxílio quando, visitando o Museu do Ceará, encontrei em uma exposição o retrato do Senador João Cordeiro tendo abaixo uma breve biografia que fazia menção ao seu nascimento em Santana do Acaraú.
Sem nenhum pudor, "saquei" a minha câmera digital e fotografei o retrato do Senador. Graças a esta cópia "proibida" temos hoje no Memorial da Paróquia uma singela reprodução do retrato deste filho ilustre que será agora conhecido, fazendo com que o santanense descubra em sua história motivo de orgulho!
O caminho de descoberta que fiz sobre a vida do Senador João Cordeiro me fez concluir que quando a história se faz mais próxima de quem a estuda ela se torna prazeirosa, fonte de inspiração, de crescimento da auto - estima dos indivíduos e da estima de que um povo tem de si.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1 Apontamentos biográficos de João Cordeiro escritos por ele próprio, Revista do Instituto do Ceará, 1945, disponível em www.institutodoceara.org
2 Araújo, Pe.Francisco Sadoc de; Cronologia Sobralense, Volume II, pág. 200, Imprensa Universitária, Sobral - Ce.
3 Bezerra, Antônio; Notas de Viagem, pág.75
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Salve, maestro!
MAESTRO JOSÉ ATAÍDE
Tarde quente de seca verde!
Caminhando pela rua Dr José Mendes deparo-me com a impassível figura do maestro José Ataíde com seus braços apoiados no baixo muro da entrada de sua casa observando como uma sábia esfinge os transeuntes. Recordo-me da recomendação que me fizera o Senhor Sebastião Azevedo(sucessor de gerações de homens que tocaram o sino da Matriz de Santana do Acaraú):"o maestro tem uma doação a fazer para o memorial de um livro de cifras que era utilizado pelo coro da Igreja na missa de antigamente"!
A lembrança me fez parar bem defronte à figura sábia que observava o vai e vem da rua e saudá-lo com uma boa tarde que prontamente, numa voz firme e grave, me foi respondido com um: "viva"!
Apresentei-me, disse a que vinha e a figura austera do maestro que tinha comigo desde criança (figura ao mesmo tempo austera e admirável) foi mostrando outra facetas e nuances que poucos têm paciência de captar: a de um homem de um senso de humor ácido, porém inteligente, de raciocínio rápido e apreciador da boa música.
Pouco a pouco, como acontece com toda imortal alma humana que deseja eternizar-se no transitório tempo material, foi contando a mim e a um dos músicos da banda Padre Arakén suas memórias de missas tocadas em época anterior ao Concílio Vaticano II, mostrando-me o livro de Cifras de que me falara o Senhor Sebastião Azevedo.
O livro, cujo título é a Harpa de Sião, seria só mais um impresso de uma gráfica do sul do país se os dedos que lhes perpassaram as páginas não as tivessem carregado de memórias naquela tarde quente.
Cada título de música, cada nota escrita naquelas pautas me eram apresentadas com um discorrer vivo de histórias que ainda faziam os olhos do Maestro encher-se de brilho e minha imaginação dar contornos a fatos que eu não vivi.
Fui ainda premiado com uma visita a um memorial particular do maestro quando o mesmo convidou-me a adentrar sua casa. Na sala da mesma, fotos em simples murais de isopor ou emolduradas de maneira singela contavam a trajectória do músico que foi testemunha de histórias de diversas fases da Banda Padre Arakén(uma das mais antigas do ceará, quase bicentenária) e que tornou-se um dos baluartes desta história.
Em um dos murais havia uma frase - tema que me fez pensar sobre o papel dos guardiões de nossa memória:"Rei deposto, rei morto"!
Tarde quente de seca verde!
Caminhando pela rua Dr José Mendes deparo-me com a impassível figura do maestro José Ataíde com seus braços apoiados no baixo muro da entrada de sua casa observando como uma sábia esfinge os transeuntes. Recordo-me da recomendação que me fizera o Senhor Sebastião Azevedo(sucessor de gerações de homens que tocaram o sino da Matriz de Santana do Acaraú):"o maestro tem uma doação a fazer para o memorial de um livro de cifras que era utilizado pelo coro da Igreja na missa de antigamente"!
A lembrança me fez parar bem defronte à figura sábia que observava o vai e vem da rua e saudá-lo com uma boa tarde que prontamente, numa voz firme e grave, me foi respondido com um: "viva"!
Apresentei-me, disse a que vinha e a figura austera do maestro que tinha comigo desde criança (figura ao mesmo tempo austera e admirável) foi mostrando outra facetas e nuances que poucos têm paciência de captar: a de um homem de um senso de humor ácido, porém inteligente, de raciocínio rápido e apreciador da boa música.
Pouco a pouco, como acontece com toda imortal alma humana que deseja eternizar-se no transitório tempo material, foi contando a mim e a um dos músicos da banda Padre Arakén suas memórias de missas tocadas em época anterior ao Concílio Vaticano II, mostrando-me o livro de Cifras de que me falara o Senhor Sebastião Azevedo.
O livro, cujo título é a Harpa de Sião, seria só mais um impresso de uma gráfica do sul do país se os dedos que lhes perpassaram as páginas não as tivessem carregado de memórias naquela tarde quente.
Cada título de música, cada nota escrita naquelas pautas me eram apresentadas com um discorrer vivo de histórias que ainda faziam os olhos do Maestro encher-se de brilho e minha imaginação dar contornos a fatos que eu não vivi.
Fui ainda premiado com uma visita a um memorial particular do maestro quando o mesmo convidou-me a adentrar sua casa. Na sala da mesma, fotos em simples murais de isopor ou emolduradas de maneira singela contavam a trajectória do músico que foi testemunha de histórias de diversas fases da Banda Padre Arakén(uma das mais antigas do ceará, quase bicentenária) e que tornou-se um dos baluartes desta história.
Em um dos murais havia uma frase - tema que me fez pensar sobre o papel dos guardiões de nossa memória:"Rei deposto, rei morto"!
O sistema Capitalista, cheio de histórias vazias que cavalgam na velocidade da Internet despreza as histórias dos mais velhos. Se as ouvíssemos e guardássemos seríamos seres realmente éticos, com senso crítico e portadores de uma identidade que facilmente distinguiríamos de outras.
Comovido, copiei com minha câmara digital as fotos daquele memorial particular que em breve farão parte do acervo de fotos do memorial da paróquia de Senhora Sant'Anna acompanhadas de suas respectivas histórias a serem contadas às novas gerações.
terça-feira, 15 de junho de 2010
"SAUDOSA MALOCA, MALOCA QUERIDA.."
Santana do Acaraú, berço de ilustres homens, nascida de uma promessa à santa Ana, sonhada como berço pelos indivíduos que, por primeiro se instalaram nos arredores da Capelinha que deu origem à Matriz, para suas futuras gerações; está assistindo a uma rápida devastação do patrimônio arquitetônico que poderia contar a história da evolução da "pólis" santanense.
Onde está o Palacete de bronze, primeira câmara de vereadores? Onde está o Casario da rua João Cordeiro, hoje só conhecido a muito custo nas fotos da década de 30 do século passado? Que foi feito do Pavilhão do Congresso de 1948? Onde está a Casa de Caridade construida pelo venerável Padre Ibiapina? etc e etc...
Estamos "saindo lá pra fora pra apreciar a demolição" do que ainda resta e alguns de nós não estamos conformados.
Parabenizamos a iniciativa da Paróquia que a anos atrás reformou o sobrado Padre Arakén e a casa Paroquial (ainda que modificando seus interiores e restaurando suas fachadas), e restaurou a Matriz.
Louvamos a iniciativa da família Alves que restaurou a Casa de seus patriarcas: O Solar dos Alves.
Somos felizes pela iniciativa de Audifax Rios que, reformando o Antigo Salão paroquial e Cartório de seu pai, trouxe para aquela casa elementos arquitetônicos que os santanenses eliminaram ao longo do tempo como gesto de um passo para a "modernidade"!
Gratos às Reiligiosas Filhas de Sant'Ana que, embora fazendo uma reforma interna muito preservaram do casarão que ainda hoje abriga o patronato Santana.
Igual menção honrosa mrecem a família Lopes e tanta outras que restauraram e preservam as fachadas e/ou interiores originais de suas casas.
Nos perguntamos: que futuro terá a casa mais velha da Cidade: o sobrado localizado na Avenida São João, apelidado de Jaburu e cenário de cenas do Filme "o Guerreiro Alumioso" de Rosemberg Cariri? Como será feita a reforma da Cadeia pública, prédio do século XIX? Como será feita a reforma do Mercado público, também da mesma época?
Quem terá culpa nesta história? Quem terá razão? A meu ver todos nós e ao mesmo tempo ninguém! Para que o patrimônio já apagado tivesse sido preservado, teria sido necessário, iniciar anos atrás, um movimento de educação para a conservação. Só conservamos o que conhecemos e apreciamos!
Este movimento de educação precisa ser iniciado com urgência e, se o fizermos, já estaremos fazendo tarde ( melhor do que nunca!) para preservarmos o que ainda resta!
Não se trata de um saudosismo vão, nem de um pensamento retrógrado ou anacrônico, mas de uma busca ou resgate de uma identidade que passa pela cultura material, meio pelo qual os elementos da identidade são comunicados.
Fomos informados que em setembro a Lei orgânica do Município será reformulada. Este é o momento de contemplar os patrimônios Material e imaterial de Santana, de garantir às futuras gerações um arcabouço legal para a preservação de sua identidade!
Se tal movimento não começar e for levado adiante correremos o risco de cantar aquele refrão dorido, saudoso e cheio de remorso: "saudosa maloca, maloca querida onde juntos nós passemos os melhores dias de nossas vidas"!
sábado, 8 de maio de 2010
DOUTORA MARCÉLIA MARQUES VISITA INSCRIÇÕES RUPESTRES DO SERROTE DAS ROLAS EM SANTANA DO ACARAÚ
O Memorial da Paróquia de Senhora Santana, que tem como um de seus objetivos a preservação da cultura material do município de Santana do Acaraú, recebeu nos dias 31 de abril e dia 1º de Maio a visita da Professora Doutora Marcélia Marques da Universidade Estadual do Ceará (UECE)arqueóloga, já com larga experiência no estudo de inscrições rupestres e cultura material.
No dia 31,a mesma conheceu o acervo do Memorial e deu sugestões de projetos e ações para a melhoria do desempenho do mesmo. Ressaltou a forte impressão do espírito de religiosidade de nosso povo que lhe ficou oa visitar o espaço.
Já no dia 1º visitou as inscrições rupestres do Serrote das Rolas realizando um primeiro trabalho de prospecção (registro fotográfico do sítio como um todo, descrição das inscrições rueptres, medição do tamanho do painel que contém as inscrições e análise de uma possível história do sítio arqueológico), avaliando o potencial da existência de outros possíveis sítios arqueológicos.
PROFESSORA MARCÉLIA MARQUES EM PROSPECÇÃO NO SERROTE DA ROLA SANTANA DO ACARAÚ - CE
ARÁ
No dia 31,a mesma conheceu o acervo do Memorial e deu sugestões de projetos e ações para a melhoria do desempenho do mesmo. Ressaltou a forte impressão do espírito de religiosidade de nosso povo que lhe ficou oa visitar o espaço.
Já no dia 1º visitou as inscrições rupestres do Serrote das Rolas realizando um primeiro trabalho de prospecção (registro fotográfico do sítio como um todo, descrição das inscrições rueptres, medição do tamanho do painel que contém as inscrições e análise de uma possível história do sítio arqueológico), avaliando o potencial da existência de outros possíveis sítios arqueológicos.
PROFESSORA MARCÉLIA MARQUES EM PROSPECÇÃO NO SERROTE DA ROLA SANTANA DO ACARAÚ - CE
ARÁ
domingo, 2 de maio de 2010
DA IDÉIA DE UM MEMORIAL À ABERTURA
Logo que chegou à paróquia de Santana do Acaraú no ano de 2006, o reverendo padre Agnaldo Temóteo da Silveira (décimo sexto pároco na sucessão) buscou conhecer a história da cidade. Assim o fez porque aprendeu que uma evangelização eficaz se faz a partir e na realidade de um povo.
Ficou maravilhado com a história de Santana que nasceu de uma promessa de Frei Cristóvão de Lisboa a Santa Ana em gratidão aos favores concedidos na fuga dos índios Tabajara e com a coragem do padre Antônio dos Santos da Silveira, construtor da primitiva capelinha de taipa e fundador de fato da cidade que nasceu ao redor da capela mãe.
Surpreso ficou com desconhecimento do povo a respeito desta história e de suas raízes. Percebeu nisso um desafio e uma missão: levar o povo a conhecer a sua história é fazer memória da salvação, pois, Cristo Senhor da história entrou na história humana para resgatá-la.
Boa parte deste conhecimento o adquiriu nas conversas prazerosas com dona Rosa Eronides Pereira (Rosa Ramiro) ex - secretária paroquial que, nesta função, passou largo tempo. Outra parte desta aquisição se deu através da leitura do livro O Município de Santana de autoria do célebre doutor José Mendes, outra ilustre figura de Santana que, conheceu, lendo aquelas linhas cheias de uma memória filial, romanesca, porém viva.
Tomou conhecimento também das histórias de desvio do patrimônio sacro (imagens, alfaias, mobília, etc.) da Paróquia ocorrido nas décadas de 60 e 80, e percebeu a urgência de preservar o que restara e a urgência de fazer um apelo para que aqueles que tinham consigo estas peças sacras as devolvessem.
Quando chegou a Santana, ocupava a função de Pároco o Padre José Valter da Costa que empreendeu a reforma do Sobrado Padre Arakén com o intuito de que o mesmo servisse a ambos como casa uma vez que moravam em casa alugada porque na Paroquial morava enfermo o Pároco Emérito Francisco José Aragão e Silva.
Falecendo o Padre Aragão, Padre Agnaldo e Padre Valter passaram a morar na casa Paroquial, ficando o sobrado com a função de Centro de Pastoral. Contudo nem todos os espaços foram ocupados e a providência logo manifestaria sua intervenção para concretizar uma inspiração que surgia no coração de padre Agnaldo: a fundação de um Memorial.
Assim, em Junho de 2006, Padre Agnaldo convida Francisco Leandro Costa que, na época realizava uma pesquisa sobre índios na história de Santana, para juntos darem os primeiros passos para a fundação deste sonhado Memorial. O primeiro deles foi uma pesquisa sobre a vida de cada um dos Párocos de Santana do Acaraú. Esta resultou em um livreto que foi distribuído na inauguração. O segundo passo foi solicitar de Santanenses que estivessem em posse de objetos sacros da Paróquia sua devolução e incentivar a doação de peças antigas para a composição do acervo por aqueles que o quisessem fazê-lo.
O Fruto desta semeadura laboriosa foi a abertura do Memorial da Paróquia de Senhora Sant’Anna em 16 de Julho de 2007 em cerimônia simples, iniciada às 8 horas da Manhã com a benção das peças e com as palavras inaugurais do fundador que, nestas, exortou os santanenses a preservarem sua história, a guardarem sua memória e colaborar doando peças para enriquecer o acervo ainda mais.
Ficou maravilhado com a história de Santana que nasceu de uma promessa de Frei Cristóvão de Lisboa a Santa Ana em gratidão aos favores concedidos na fuga dos índios Tabajara e com a coragem do padre Antônio dos Santos da Silveira, construtor da primitiva capelinha de taipa e fundador de fato da cidade que nasceu ao redor da capela mãe.
Surpreso ficou com desconhecimento do povo a respeito desta história e de suas raízes. Percebeu nisso um desafio e uma missão: levar o povo a conhecer a sua história é fazer memória da salvação, pois, Cristo Senhor da história entrou na história humana para resgatá-la.
Boa parte deste conhecimento o adquiriu nas conversas prazerosas com dona Rosa Eronides Pereira (Rosa Ramiro) ex - secretária paroquial que, nesta função, passou largo tempo. Outra parte desta aquisição se deu através da leitura do livro O Município de Santana de autoria do célebre doutor José Mendes, outra ilustre figura de Santana que, conheceu, lendo aquelas linhas cheias de uma memória filial, romanesca, porém viva.
Tomou conhecimento também das histórias de desvio do patrimônio sacro (imagens, alfaias, mobília, etc.) da Paróquia ocorrido nas décadas de 60 e 80, e percebeu a urgência de preservar o que restara e a urgência de fazer um apelo para que aqueles que tinham consigo estas peças sacras as devolvessem.
Quando chegou a Santana, ocupava a função de Pároco o Padre José Valter da Costa que empreendeu a reforma do Sobrado Padre Arakén com o intuito de que o mesmo servisse a ambos como casa uma vez que moravam em casa alugada porque na Paroquial morava enfermo o Pároco Emérito Francisco José Aragão e Silva.
Falecendo o Padre Aragão, Padre Agnaldo e Padre Valter passaram a morar na casa Paroquial, ficando o sobrado com a função de Centro de Pastoral. Contudo nem todos os espaços foram ocupados e a providência logo manifestaria sua intervenção para concretizar uma inspiração que surgia no coração de padre Agnaldo: a fundação de um Memorial.
Assim, em Junho de 2006, Padre Agnaldo convida Francisco Leandro Costa que, na época realizava uma pesquisa sobre índios na história de Santana, para juntos darem os primeiros passos para a fundação deste sonhado Memorial. O primeiro deles foi uma pesquisa sobre a vida de cada um dos Párocos de Santana do Acaraú. Esta resultou em um livreto que foi distribuído na inauguração. O segundo passo foi solicitar de Santanenses que estivessem em posse de objetos sacros da Paróquia sua devolução e incentivar a doação de peças antigas para a composição do acervo por aqueles que o quisessem fazê-lo.
O Fruto desta semeadura laboriosa foi a abertura do Memorial da Paróquia de Senhora Sant’Anna em 16 de Julho de 2007 em cerimônia simples, iniciada às 8 horas da Manhã com a benção das peças e com as palavras inaugurais do fundador que, nestas, exortou os santanenses a preservarem sua história, a guardarem sua memória e colaborar doando peças para enriquecer o acervo ainda mais.
Assinar:
Postagens (Atom)